No PRÓS e CONTRAS de 11/10 o protagonismo travou o debate de progresso; que não é desenvolvimento, usado em vez de crescimento. Há décadas que estamos a regredir, apesar do crescimento do PIB. Como muitos nobeis de economia já disseram, o PIB não mede bem-estar. Pois quanto mais crimes e prisões, doentes e hospitais, maior é o PIB.
Aquele debate juntou três ex-presidentes, que permitiram à UE impor a Portugal, ao contrário do que ocorreu nos pequenos países do Norte-europeu, o que bem quis. Eles reconhecem que tomámos emprestado a mais durante décadas (com o ámen deles) e assim temos que fazer o que os grandes da UE querem. Não é verdade!
A Argentina, quando o FMI quis impor regras, as negou e adoptou a NOVA ECONOMIA, que nem é nova. Já Kennedy a tinha praticado e, em parte, Clinton. Ela foca na economia real e não monetária. Ela aceita alguma inflação, desde que hajam bons mecanismos a compensar os assalariados. Ela aceita um temporário défice público, desde que haja crescente emprego e exportações.
O problema não é o défice público, mas o da balança comercial, adicionado ao endividamento público e privado acumulado há décadas, e à baixa competitividade. Quase 44 mil milhões foram investidos em imóveis que não se vendem. Se este capital tivesse ido para as PME industriais teríamos competitividade para exportar, mais emprego, mais “arrecadação” com menos impostos, mais equidade, almejada por Jorge Sampaio.
Nós, econotores (econometristas e ainda gestores), sabemos que há investimentos que parecem vultuosos, mas trazem pouco ao país. P.ex, cada posto de trabalho na indústria auto exige 1M€ em investimentos; e do total exportado apenas 10% fica no país, pois o aço, as peças, os seguros, as máquinas, são lá de fora. Cada posto de trabalho no sector do mobiliário exige vinte mil e 70% fica cá. Na nova construção popular, de só 2 a 3 pisos, sem betão, custa seis mil e 90% fica cá. Roupas, calçados e alimentos chegam aos 80%. As PME que os criam investem em fábricas e máquinas aqui produzidas, o que beneficia PME locais, que compram no comércio local cujos donos compram mais roupas, calçados e alimentos. É um círculo onde o consumo local aumenta em vários rounds.
Quase toda a população sente isto, mas a sua voz nem a de especialistas na nova economia, como João Meneses, são ouvidas. A intromissão da UE de Durão Barroso no debate do orçamento mostra que há cabala aqui. Porque é que a TV só dá voz aos velhos protagonistas que nos meteram nessa enrascada? Assim dela não sairemos!
*Autor de Empreender Turismo de Natureza e de Como Sair da Crise