Provavelmente já viu, durante as provas de natação, uma pessoa de apito ao pescoço e boia debaixo do braço, sentada perto da piscina dos Jogos Olímpicos de Paris. Os nadadores-salvadores fazem parte das extensas equipas de primeiros socorros – que incluem bombeiros e médicos – destacadas para as olimpíadas. Mas a ideia destes socorristas nas olimpíadas, local onde se encontram os melhores nadadores do mundo, pode parecer estranha. Qual é afinal o papel de um nadador-salvador nos Jogos Olímpicos?
Pelas redes sociais, nas últimas semanas, têm circulado vários vídeos e memes que colocam esta mesma questão. Estas imagens, que entretanto se tornaram virais, mostram estes profissionais “aborrecidos” enquanto assistem às provas olímpicas. “Se alguma vez te sentires inútil, lembra-te que alguém é nadador-salvador nos Jogos Olímpicos”, pode ler-se num dos memes criados pelos internautas.
“Nos Jogos Olímpicos, não é inútil ter nadadores-salvadores”, referiu Cullen Jones, medalhista olímpico em natação em 2008, numa entrevista à Associated Press, em 2023. “Tudo pode acontecer. Podemos ter cãibras. Portanto, não é o trabalho mais inútil”, acrescentou. Na realidade, a possibilidades de cãibras, ataques cardíacos e choques contra algum objeto – especialmente na modalidade de saltos para a água – é um um dos motivos que leva a necessidade em ter um profissional treinado durante todas as provas aquática – sejam estas realizadas numa piscina olímpica, no rio Sena ou provas de vela, canoagem ou kayak. Segundo o regulamento do Comité Olímpico Internacional, a presença de um elemento preparado para lidar com situações de emergência médica é obrigatória.
Apesar de nunca ter acontecido uma fatalidade numa prova de natação olímpica, já existiram momentos que exigiram a intervenção de um profissional experiente. Por exemplo, há poucos dias, um membro da equipa de refugiados teve de ser resgatado durante uma prova de kayak por um nadador salvador durante a competição. “Estão sempre a acontecer acidentes. Por isso, vou defender sempre a ideia de que nunca é demais ter cuidado. Ainda bem que eles estão cá. Eu não sei fazer reanimação. Eles sabem”, explicou Regan Smith, campeã da natação que já conta com duas medalhas de ouro em Paris.
Também recentemente, na prova de natação feminina de 100 metros bruços, um nadador-salvador – que mais tarde ficou conhecido como ‘Bob the Cap Catcher’ (ou, em português, “Bob, o apanha toucas”) – veio a protagonizar um dos momentos mais adorados online. Durante a prova, o socorrista – de calções coloridos – mergulhou na piscina olímpica para recuperar uma touca de natação de uma das atletas que ficou perdida no fundo da piscina e estava a atrasar a realização das provas.
Também as diretrizes da Organização Internacional de Natação – a FINA – indicam a presença de nadadores-salvadores nos Jogos Olímpicos e campeonatos mundiais. “A fim de proteger a saúde e a segurança das pessoas que utilizam as instalações de natação para fins de recreação, treino e competição, os proprietários de piscinas públicas ou piscinas restritas apenas a treino e competição devem cumprir os requisitos estabelecidos por lei e pelas autoridades sanitárias do país onde a piscina está situada”, lê-se.