As histórias mais gloriosas e inspiradoras dos Jogos Olímpicos foram escritas por atletas que tiveram a ousadia de assumir desafios ambiciosos, considerados por muitos impossíveis, e que conseguiram triunfar – mas também por atletas que, graças à perseverança e ao espírito combativo, venceram contra todas as expectativas da maioria. A memória olímpica também nos ensina que, em nenhuma dessas páginas inesquecíveis, a vitória chegou através de um golpe de sorte ou de um acaso irrepetível. Quando nos debruçamos sobre cada um desses momentos de glória, depressa percebemos que, por detrás de todos eles, existia um plano, construído com base no conhecimento, na experiência e nos objetivos a alcançar – e mais importante ainda: uma rígida e inabalável confiança nesse mesmo plano.
É por isso que, quando se pergunta a um campeão olímpico qual é a maior qualidade ou defeito, a resposta é invariavelmente a mesma em 99% dos casos: a teimosia. Se a mesma pergunta for feita aos membros do comando central de Paris 2024, tanto os do comité organizador como os da câmara municipal, a resposta, face ao que se tem assistido, deverá ser exatamente igual: teimosia nos objetivos e na forma de os alcançar. Teimosia em fazer uma cerimónia de abertura fora do estádio, teimosia em tentar criar um ambiente de festa nas ruas e, a mais difícil de todas, teimosia em realizar provas de natação no rio Sena.