O golpe direto e pessoal de Israel contra os membros do Hezbollah, no Líbano, fazendo explodir os seus «pagers» e «walkie-talkies», e até painéis solares, é de uma audácia e de uma capacidade inventiva absolutamente inédita, surpreendente e ilustrativa do que pode ser uma guerra do futuro.
Todas as especulações são aceitáveis nesta fase, mas há brilhantismo na forma como os israelitas atingiram os terroristas do Hezbollah, deixando-os baralhados, incapazes de responder e sem saber o que mais lhes vai acontecer. Revela, também, e antes de mais, que os serviços secretos israelitas têm a listagem dos membros do grupo terrorista, dos aparelhos que usam, onde estão e como atingi-los isoladamente, sem mísseis, nem aviões, nem drones.
O contacto por «pager», que já não se usa há décadas, é uma ferramenta muito utilizada por grupos terroristas, ou carteis de droga, para evitar a localização ou escuta por telefone. O mesmo se aplica aos «walkie-talkies». Não sabiam, contudo, que poderiam ser instrumentos mortais para os seus utilizadores, desde que seguramente identificados como membros ativos desses grupos.
Calcula-se, por estas horas, o medo e susto que reina em Teerão, no Hamas, nos Houtis e em tantos outros grupos terroristas portadores de tecnologias ultrapassadas e supostamente muito seguras, impossíveis de detectar, mas que afinal ainda explodem. E também está meio mundo a tentar perceber como é que foi feita esta proeza inimaginável. Israel sempre foi uma «startup» excecionalmente invulgar e eficaz em tecnologia militar retro futurista.