A partir desta noite, não há escapatória. É vencer ou regressar a casa. Quando, às oito da noite, subir ao relvado de Frankfurt para defrontar a surpreendente Eslovénia, a Seleção Nacional sabe que deixou de ter qualquer margem de erro. Mas também tem obrigação de ter aprendido com o que aconteceu nos três jogos da primeira fase e não repetir os erros que quase custaram a perda de pontos na partida inaugural contra a República Checa e valeram mesmo uma derrota contra a Geórgia. O selecionador disse ontem na antevisão da partida dos oitavos-de-final do Euro 2024 que a “equipa está fresca” e “preparada” para entrar com tudo na fase em que, como o próprio disse “começa um torneio diferente, o ‘mata-mata’”.
Perante o que já se viu da Eslovénia neste Europeu, no qual empatou os três jogos e só sofreu dois golos, e até pelo jogo particular de março último em que infligiu a primeira derrota a Portugal na era Martinez, esta é uma equipa que, tal como checos e georgianos, não importa nada de não ter a bola e defender com onze o jogo inteiro. É precisamente por isso que se espera que jogadores e, sobretudo, treinador tenham tomado boas notas do que aconteceu na primeira fase do Euro 2024. É importante que, seja qual for o sistema (com três ou dois centrais), entrem em campo os jogadores certos para as posições certas. Já basta as dificuldades que a equipa da Eslovénia irá proporcionar, mas Portugal ainda complicar mais a sua tarefa com adaptações de atletas a posições e funções que, nitidamente, não estão habilitados a desempenhar.
Se é verdade que só agora começa realmente o Europeu, é bom que Martinez ponha os olhos no que aconteceu à campeã em título, a Itália, que já foi eliminada pela competente mas muito menos favorita Suíça, a Inglaterra, que esteve a um minuto de ser afastada pela Eslováquia (só um golo do outro mundo de Bellingham levou a partida para prolongamento e permitiu a reviravolta) ou até mesmo com a Espanha, de longe a melhor equipa do torneio até o momento, que chegou a apanhar um susto com a Geórgia.
Chegou, pois, a hora de deixar de lado as invenções. Esta equipa e esta geração de futebolistas merecem ter a oportunidade de se bater pelo título e de enfrentar as melhores seleções. Poucos aceitariam e perdoariam que Portugal voltasse a casa com uma derrota contra a Eslovénia. Pelo contrário, uma vitória clara no jogo de hoje pode abrir caminho a um Europeu de sonho. É que, se passar aos quartos-de-final, aí sim é que começará o campeonato a sério. Ou vamos querer desperdiçar a hipótese de defrontar, olhos nos olhos, equipas como França, Bélgica, Espanha ou Alemanha para chegar à final?
Eu acredito!