A Turquia pagou cara a ousadia de querer jogar olhos nos olhos com esta Seleção portuguesa. É verdade que dispôs da primeira grande oportunidade do jogo, quando, decorridos apenas seis minutos, Kerem Aktürkoğlu falhou o desvio só com Diogo Costa pela frente. Mas, daí em diante, a equipa das quinas controlou quase sempre na perfeição o ímpeto adversário, sem nunca esconder as suas ambições de vencer e fechar já as contas do Grupo F, garantindo não só a qualificação para os oitavos-de-final como a passagem no primeiro lugar. O 3-0 final no Estádio Signal Iduna Park, em Dortmund, coloca Portugal a par da anfitriã Alemanha e da Espanha como as seleções que somaram vitórias nas duas primeiras jornadas do Euro2024.
Como se esperava, Roberto Martínez alterou o figurino tático da equipa em relação ao jogo de estreia, frente à Chéquia. A linha defensiva passou de cinco para quatro jogadores, com a saída de Diogo Dalot a abrir um lugar para João Palhinha reforçar o meio-campo, o que levou à deslocação de João Cancelo para lateral direito.
Do lado da Turquia, o selecionador Vincenzo Montella preferiu abdicar dos criativos Kenan Yildiz e Arda Güler, este com problemas físicos, mantendo a aposta do médio do Benfica Orkun Kökçü no apoio mais direto ao ponta-de-lança Baris Yilmaz.
Portugal revelou as suas intenções logo aos 68 segundos, num contra-ataque pela esquerda que terminou com remate de Cristiano Ronaldo, de primeira, mas na direção do guarda-redes turco. O jogo arrancou em ritmo acelerado. Não demorou até surgir a resposta na outra grande área, na tal grande ocasião desperdiçada por Aktürkoğlu, passavam seis minutos.
Com Pepe imperial a comandar o quarteto defensivo lá atrás, as duplas Nuno Mendes/Rafael Leão, à esquerda, e João Cancelo/Bernardo Silva, à direita, foram encontrando espaços nos flancos para aproximar Portugal da baliza contrária, enquanto o trio de meio-campo assegurava uma ascendência lusa, também, na zona central do relvado.
Na primeira boa incursão de Nuno ao ataque, excelente combinação com Leão, e Bernardo, solto na área, a responder ao cruzamento rasteiro com remate fulminante, sem hipótese de defesa. O cronómetro indicava 21 minutos, e Portugal acreditou ainda mais, insistindo na pressão. Aos 28, um pau passe de Cancelo para Ronaldo foi parar ao defesa central Samet Akaydin, que atrasou mal a bola e traiu o seu guarda-redes, oferecendo o segundo golo à Seleção Nacional.
Pouco depois, Diogo Costa mostrou que também podiam contar com ele, ao defender com o pé um remate de Aktürkoğlu, que se isolou após ultrapassar Cancelo e ficar em excelente posição para marcar. Estava tudo a correr de feição a Portugal, mesmo quando a Turquia ameaçava. Não voltaria a acontecer.
No regresso do intervalo, já com Rúben Neves e Pedro Neto nos lugares de Palhinha e Leão, dois jogadores que tinham visto cartão amarelo na primeira parte, a Seleção portuguesa quis pausar o jogo, ter mais a bola e deixar o tempo correr. Até que Ronaldo apareceu isolado e, com Bruno Fernandes ao lado, assistiu o ex-companheiro de equipa no Manchester United para este sentenciar o resultado.
Faltava ainda mais de meia hora para o apito final, mas a história do jogo estava escrita, com uma exibição mais vistosa do que na primeira jornada que muito beneficiou da atitude destemida da Turquia.