São seis quadros importantes, pintados por Maria Helena Vieira da Silva num período de maturidade artística, entre 1958 e 1970, estes que o Estado, através da Direcção-Geral do Património Cultural, acabou de adquirir pelo valor global de €5.584.170. Exemplificam bem as composições abstratas, dominadas por padrões geométricos e ritmados, que celebrizaram Vieira (1908-1992) como uma das grandes artistas europeias do pós-guerra, presente nas coleções de grandes museus mundiais e de colecionadores fervorosos. Naturalizada francesa em 1956, a pintora doaria uma parte da sua obra, assim como parte da obra do marido de origem húngara, Arpad Szenes, à fundação com os nomes de ambos que abriu portas em 1994, dois anos após a sua morte. Foi também com o empréstimo de cerca de 23 obras pertencentes a Jorge de Brito, resultante de um acordo informal entre este colecionador e o então diretor da fundação, José Sommer Ribeiro, que se inaugurou o museu localizado no Jardim das Amoreiras, em Lisboa.
Esta aquisição inédita por €5,5 milhões, agora anunciada, encerra vários anos de esforços relativos à tentativa de compra e impedimento de saída das obras da artista do país, na sequência da morte de Jorge de Brito, em agosto de 2006. Banqueiro, presidente do Benfica, colecionador inveterado, Brito possuía a maior coleção privada de obras de Vieira da Silva, que contou com mais de oito dezenas de trabalhos da pintora. As negociações com os herdeiros arrastavam-se há vários anos, esforço recordado na resolução ministerial agora tomada: “O Estado exerce, assim, o direito de opção de compra previsto no protocolo celebrado entre o Estado português, a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva e os herdeiros do colecionador Jorge de Brito, em 9 de Agosto de 2011, decisão que vem assegurar a manutenção no país e fruição pública das obras de uma das mais consagradas artistas nacionais.”
Em comunicado, também António Gomes de Pinho, presidente do conselho de administração da Fundação, expressou satisfação pela decisão: “Ao fim de vários anos de diligências, é possível assim, finalmente, garantir a permanência em Portugal e a fruição pública desse núcleo fundamental da obra da maior Artista Portuguesa do século XX, contribuindo para que a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva possa cumprir cabalmente a missão para que foi criada em 1990.”
Ficarão assim integradas na coleção permanente do museu as seis pinturas Novembre (1958), La Mer (1961), Au Fur Et A Mesure (1965), Esplanade (1967), e ainda New Amsterdam I e New Amsterdam II (ambos de 1970).
E podem ser vistas já este fim de semana: o museu permitirá a entrada livre a quem quiser ver de perto os seis quadros, durante 9 e 10 de setembro, entre as 10h e as 18h.