O telefone de Harvey Morse não para de tocar, ao ritmo com que chegam novas mensagens à sua caixa de email. O diretor da empresa Serviços Genealógicos Morse é o responsável por encontrar possíveis herdeiros de Prince e a cada dia que passa cresce o número de candidatos a receber parte da fortuna, estimada em 270 milhões de euros.
“Temos mais de 900 pessoas a dizer que acreditam ser familiares de Prince”, revela Harvey Morse à VISÃO. “Alguns são considerados inválidos logo à partida, outros captam o nosso interesse e uns poucos parecem ter uma hipótese de credibilidade”, esclarece o norte-americano.
Encontrado morto em sua casa no passado dia 21 de Abril, Prince deixou seis irmãos vivos, cinco dos quais meios-irmãos (três de um casamento anterior do pai e dois de um casamento posterior da mãe). Se não aparecesse mais ninguém a reclamar a herança por laços de sangue, ela seria repartida pelos seis em parte iguais, segundo as leis do estado do Minnesota, onde residia o cantor. Os pais do artista de Purple Rain já tinham falecido e o único filho conhecido que teve, Boy Gregory Nelson, não sobreviveu à primeira semana de vida, em 1996. Dois outros meios-irmãos também já morreram, mas a filha e neta de um deles querem ter direito a parte da herança. Já os dois casamentos de Prince não criam dúvidas, pois acabaram em divórcio.
As mais de 900 pessoas que já entraram em contacto com Harvey Morse estão a dizer-se meios-irmãos ou filhos de Prince. Um dos mais recentes a sair do anonimato, Carlin Q. Williams, que cumpre uma pena de prisão de sete anos e meio por posse ilegal de arma, garante que é fruto de uma relação de uma noite da sua mãe com o músico. Há também quem alegue que morava perto do cantor e por isso deve ser familiar dele e outros que enviam fotos ao lado de Prince para tirarem a mesma conclusão. O trabalho de Harvey Morse é separar o trigo do joio.
“De momento estamos a reunir informação, pesquisando os que têm um grau de potencial e descartando os que são obviamente falsos. Vai ser um processo extremamente longo e pode não envolver apenas os Estados Unidos, mas também vários países estrangeiros onde Prince atuou”, explica o investigador, sem conseguir adiantar se há algum português entre os mais de 900 pretendentes da herança milionária: “Ainda não pudemos analisar todas as respostas que recebemos. Têm sido tantas”.
Por causa da “corrida ao ouro”, o juiz encarregado de deliberar sobre o caso determinou que os testes de ADN que ordenou passem a ser custeados pelos interessados e não pelo tribunal. Quem quiser ser familiar de Prince terá de pagar do próprio bolso para o provar.