O jornalista Tiago Carrasco, o fotógrafo João Henriques e o cameraman João Fontes fizeram uma viagem em busca da Primavera Árabe, da Tunísa ao Médio Oriente. Encontraram sinais de guerra e de esperança, momentos de frustração e esperança, que ficam documentados no filme Estrada da Revolução, que se estreia a 13 de Fevereiro, no City Alvalade, em Lisboa. O JL falou com Dânia Lucas que realizou o filme à distância.
JL: Não fez a viagem com a equipa. Como funcionou esta realização por controlo remoto?
Dânia Lucas: Quando me convidaram para o projeto, eles já estavam na Turquia. Gostaria muito de os ter acompanhado, mas não altura já não era possível tratar de toda a papelada. Eles levaram o material e foram filmando. Todos os dias falávamos por telefone ou por email, para orientar as histórias. Não queríamos que nos trouxessem histórias dos líderes políticos, mas sim do cidadão comum, para saber a diferença que sentiam no período pós revolução. Em todas estas histórias de países diferentes nota-se que há uma esperança de que as coisas mudem e que eles estão lá para fazer outras revoluções, se assim for necessário.
Mas como foi essa experiência de realização?
O Tiago tinha a responsabilidade de encontrar várias histórias por país. Eles partilhavam connosco. Pedia-lhes que seguissem a história que mais me interessava. Lembro-me da história da mãe do mártir, eu pedi-lhes que a acompanhassem, que fossem ver onde ela trabalhava. Claro que não tive o controlo como se estivesse no terreno.
Na Primavera Árabe prevalece um misto de sentimentos, muitas vezes a esperança deu lugar à desilusão.
Há uma certa desilusão. As pessoas sentem-se frustradas por terem dado os seus filhos à revolução, sem receber o que esperavam. Falta-lhes trabalho, comida, bens essenciais. Para terem esse básico talvez seja preciso mais tempo. Mas querem as coisas para hoje e não para manhã. Como acontece na Tunísia, onde encontramos um jovem extremamente dececionado a atirar pedras contra o edifício do tribunal.
O projeto Estrada da Revolução ultrapassa o próprio filme?
Sim é um projeto multiplataforma. Além do filme, um documentário para televisão, em dois episódios. Será também um livro lançado pela Leya. Um blogue, que funcionou durante toda a viagem. E é ainda uma aplicação, que inclui todo o conteúdo que ficou de fora do filme. O utilizador tem um mapa em que pode seguir a viagem, ver porque cidades foram passando, a contextualização sócio-económica, mas também com uma vertente lúdica, onde é convidado a tomar decisões, como se deve ou não seguir com os rebeldes.