A palavra repulsa poderia ter sido inventada apenas para descrever este filme. Tratar-se-á de uma renúncia ao belo? De uma subversão de clichés? Desconfio que é apenas puro mau gosto. Há um universo gay fabricado, de homens gordos e feios, que se escondem numa floresta para dar uso ao desejos e à luxúria.
E há uma menina, de 16 anos apenas, que é objeto de desejo de um dos gays, entradote, o mais gordo deles todos, que ganha o título de rei. Ele salva-a de uma pseudo-violação, numa cena inenarrável, e ela rende-se aos seus encantos, sem sombra de verosimilhança, , e apaixona-se pelo seu salvador. Trata-se, para todos os efeitos, de abuso de menores, só que no caso é legitimizado para ilustrar a dúvida passageira da personagem sobre a sua orientação sexual.
Logo se redime. Percebe-se que a sua verdadeira paixão é diametralmente oposta à beleza daquela adolescente (a atriz de O Segredo de um Cuscuz): é um geronte que ele persegue pelas florestas.
Um filme insólito, que provoca um choque estético e alguma repugnância ética, que nem sequer é compensada por algum outro tipo de deslumbre: atores, realização, fotografia, tudo banal ou sofrível. Resta a originalidade do argumento… O que como argumento a favor é pouco.