Calha bem. O décimo aniversário da morte de Amália Rodrigues é o pretexto certo para conhecer um fabuloso músico que revolucionou todo o seu fado. O papel inestimável que Alain Oulman teve, ao renovar a canção de Lisboa, abrindo-a melodicamente à voz dos poetas. Mas Oulman foi muito mais do que isso. Neste documentário realizado pelo filho, Nicholas, descobrimos uma vida fascinante, sempre ligada às artes, mas de forma incrivelmente abrangente. Começou pelo teatro e acabou na literatura, não enquanto escritor, mas sim editor da Calmann-Lévy. Isto depois de ser expulso de Portugal, por alegado envolvimento com a extrema esquerda. Enquanto músico amou as palavras que recolheu dos melhores poetas para as composições que ofereceu a Amália. Enquanto editor, diz-se, que tinha um sentido da música do texto. Esta determinante personagem da cultura portuguesa, nascida no Dafundo, é retratada de forma séria, eficaz e comovente, sem ser piegas, num filme encarado como uma ponte geracional – Nicholas quis mostrar aos seus filhos o seu pai. Para que a memória não se perda.
Culturgest, Grande Auditório, dia 16, às 18 e 30; Cinema Londres, sala 2, dia 21, às 16 e 30