Todos os lisboetas com mais de 65 anos vão ter acesso a um programa gratuito de consultas médicas. O presidente da Câmara de Lisboa anunciou esta segunda-feira estar pronto para cumprir a sua promessa eleitoral e apresentar este projeto na área da saúde coordenado pelo cientista Pedro Simas ainda esta semana.
“Nós não queremos saber se é público ou privado, queremos é responder aos problemas das pessoas”, disse Carlos Moedas, num evento dedicado ao balanço do seu primeiro ano como autarca da capital, na galeria comercial Embaixada de Lisboa, no Príncipe Real.
O presidente do PSD – que partilha da mesma opinião, vendo com agrado a integração dos setores privado e social na reposta pública – notou que “este programa demonstra o que o Governo devia estar a fazer no país inteiro”, provando que a autarquia se está a substituir à administração central em vários domínios.
Luís Montenegro quis deixar claro ainda que a gestão de Moedas em Lisboa é um exemplo para o seu projeto para o PSD a nível nacional e que, caso os portugueses lhe confiem os votos nas próximas eleições, poderão esperar da sua parte semelhante empenho.
Prestes a iniciar-se a discussão sobre a proposta orçamental do Governo para 2023, Montenegro “gostava que o senhor ministro das Fianças pudesse dizer que fez metade das coisas que o Carlos Moedas concretizou em Lisboa” desde a “mobilidade, ao ambiente, na habitação até ao novo plano de drenagem”.
Há um ano, contra todas as expetativas criadas pelas sondagens, Carlos Moedas venceu Fernando Medina nas eleições autárquicas por dois mil votos e colocou um ponto final em 14 anos de liderança socialista na capital. Todavia, sem maioria no executivo camarário, cedo se fizeram sentir as primeiras dificuldades: o presidente social democrata queixa-se de que não o deixam governar e a oposição desfia um rolo de críticas à gestão de Moedas, que vai desde a falta de medidas na área da habitação à degradação da higiene urbana da cidade.
Áreas em que pelo contrário Moedas destaca os progressos feitos. Na habitação, o autarca indicou que foi iniciada a construção de mil novos fogos, foi reforçado o orçamento da empresa que gere os bairros sociais e triplicado os apoios a rendas.
Para resolver o segundo problema – um dos mais apontados ao autarca também pelos lisboetas -, Carlos Moedas anunciou a contratação de mais 190 cantoneiros e motoristas, com direito a um subsídio de penosidade e insalubridade. Mesmo assim, a limpeza da capital continua a ser um dos principais desafios da governação “laranja” em Lisboa, que já soma algumas polémicas lutas partidárias envolvendo o adiamento da reorganização da ciclovia da Avenida Almirante Reis ou o chumbo das alterações ao Programa de Renda Acessível.
Momentos-chave
Vitórias:
– Entrada em vigor, no final de junho, da gratuitidade dos transportes públicos para maiores de 65 anos e menores de 23. Embora, esta medida, para já, deixe de fora estudantes fixados em Lisboa, mas provenientes de outros locais – questão que Moedas já admitiu e que prometeu resolver.
– Devolução de 3% do IRS aos lisboetas – o primeiro passo da promessa eleitoral que estabelece como meta chegar ao fim do mandato com uma devolução de 5%.
– O presidente conseguiu ainda levar a melhor na partilha de despesas com o Governo das Jornadas Mundiais da Juventude, que vão acontecer em agosto do próximo ano, no Parque das Nações.
Derrotas:
– Uma das grandes bandeiras da campanha de Moedas foi a alteração da ciclovia na Avenida Almirante Reis. No entanto, passado um ano e depois de várias sessões públicas, o presidente optou por empurrar com a barriga o assunto, remetendo para mais tarde uma decisão.
– Viu chumbada pela oposição a sua proposta de alteração ao Programa de Renda Acessível, que tinha como objetivo dar preferência às pessoas que vivem ou viveram na capital.
– Durante este ano, houve até um momento em que o seu próprio partido lhe fez oposição. Numa reunião da Assembleia Municipal de Lisboa, em julho, os deputados municipais social-democratas abstiveram-se na votação de uma proposta já aprovada pelo executivo de Carlos Moedas que previa vários aditamentos aos contratos-programa entre a autarquia e a Lisboa Ocidental SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana, permitindo chumbar o diploma.