O crescimento mundial na casa dos 3% em 2019 será o mais baixo desde a Grande Recessão. E para o ano que se segue os cenários são marcados por alguns fatores de risco que preocupam os economistas. A probabilidade atribuída pelo Credit Suisse à ocorrência de uma recessão nos Estados Unidos da América é de 30%, e para na Europa as previsões são ensombradas pelo Brexit.
Uma coisa é certa: os bancos centrais têm menos capacidade para responder a crises. Desde março de 2016 que o BCE disponibiliza liquidez ao sistema financeiro com juros de 0%. E há mesmo investidores a aceitar perder capital para guardar o dinheiro na dívida germânica, cujas taxas das obrigações a dez anos se situam nos -0,25%.
Saiba o que esperar de cada região do globo.
1. EUA
Donald Trump encaminha-se para as eleições presidenciais numa fase de abrandamento económico. Segundo os analistas do Credit Suisse, a probabilidade de uma recessão na maior economia do mundo é de 20% a 30%. O desenlace depende da existência, ou não, de algum tipo de acordo comercial com a China e do tempo que levará a alcançar.
2. Zona Euro
Ainda a braços com o Brexit, a área do euro teima em não acelerar, apesar do apoio contínuo do BCE. A forma de sustentar a economia passa por mais investimento por parte dos países com mais poder de fogo, como a Alemanha. Mas os decisores políticos germânicos têm mostrado resistência a adotarem grandes estímulos orçamentais.
“Não há margem para erros e existe uma necessidade urgente de os decisores políticos aliviarem, de forma cooperante, as tensões comerciais e geopolíticas”, diz o FMI
3. China
O gigante asiático impediu que a Grande Recessão de 2009 tivesse efeitos ainda mais destrutivos. Mas a economia chinesa está a abrandar. As causas não se ficam pela guerra comercial com os EUA, já que a elevada dívida do setor privado e o pouco fulgor no sistema financeiro também estão a tirar força à China. No próximo ano, o crescimento deverá ficar abaixo de 6 por cento. Será o mais baixo em quase 30 anos.
4. Reino Unido
Depois do que parecia a infindável incerteza sobre o Brexit, Boris Johnson deverá conseguir uma saída ordenada do Reino Unido da União Europeia. A concretizar-se, e apesar da dúvida na negociação de novos acordos comerciais, a economia até poderá acelerar, segundo o Credit Suisse. Já o divórcio litigioso significaria recessão.
5. Japão
A economia nipónica deixou-se apanhar na armadilha dos juros baixos, crescimento anémico e pouca inflação muito antes de isso ser uma preocupação na Europa. E o Japão é a prova de como é quase impossível sair dessa situação. Deverá crescer apenas 0,5% nos próximos anos, segundo o FMI.