«Precisamos da revisão dos critérios para os testes genéticos, de forma a abrangerem mais pessoas. Precisamos que sejam mais rapidos: as pessoas precisam de resultados para decidir a sua terapia e a sua vida. Precisamos de mais diagnóstico precoce: no caso do cancro do ovário, nem existe. Precisamos de melhores métodos preventivos: não podemos ter apenas para oferecer a amputação do tecido mamário.»
Quem fala em toda esta urgência é Tamara Hussong Milagre, enfermeira durante 25 anos até que, em 2008, soube que era portadora de uma mutação no gene BRCA1, que potencia o desenvolvimento do cancro da mama. Ao descobrir que não havia qualquer associação que apoiasse quem está em risco de adoecer, criou a Evita – Associação de Apoio a Portadores de Alterações no Genes Relacionados com Cancro Hereditário. À falta de trabalho em rede na área do cancro decidiu-se a organizar o congresso BRCA Network European, que decorre esta quinta-feira, 5, no Estoril.
«Este verão estive num congresso em que a audiência era sobretudo feita de mulheres jovens, todas a fazerem tratamentos agressivos contra o cancro. Muitas não eram sequer mães, outras tinham filhos pequenos. É sinal de que falta resposta atempada a quem corre o risco de receber esta herança dificil», nota ainda Tamara. «É isso que este encontro quer fomentar: um trabalho em rede nesta área», continua, salientando que não há sequer números reais realtivamente ao cancro hereditário. «E não é exclusivo da mama: note-se que há casos de cancro no pancreas, próstata ou melanoma que têm origem hereditária».
Saiba se está em risco
Actualmente, cerca de 10 % de todos os cancros são hereditários. Existem uma série de indícios que sugerem a existência de síndroma de cancro hereditário, como por exemplo:
- Cancro em 2 ou mais membros da mesma família.
- Idade prematura de diagnóstico.
- Presença de vários cancros no mesmo paciente