Agostinho da Silva dizia que era um especialista da curiosidade não especializada. Entre as qualidades que mais admiro, este desejo mais ou menos indiscreto de saber mais coisas sobre coisas várias está no topo do meu ranking. O mundo é dos curiosos, dos que se inquietam com dúvidas e não se deixam toldar por certezas, dos que não se conformam com o que já conhecem e querem sempre ir mais longe.
A centelha da curiosidade é uma competência para a vida: desde a infância, passando pela escola, na profissão que se venha a escolher, até à velhice. Estar sempre a aprender é meio caminho andado para não se deixar ficar para trás.
Fausto, o herói da obra-prima de Goethe, um dos maiores livros de sempre da literatura mundial, era eternamente insatisfeito – tão curioso e sedento de conhecimento que queria ter em si tudo quanto podia ser apreendido. Uma inquietação construtiva permanente. Na vida real, as pessoas mais fascinantes que conheci são (ou foram) todas extremamente curiosas. Os melhores jornalistas também.
Revi-me por isso muito na entrevista da Inês Meneses, radialista e comunicadora, figura que dá a capa a esta edição, sobretudo quando ela diz que se move pela curiosidade. Pelo simples gosto de ter alguém à sua frente e querer saber mais, exercendo, como poucos, a arte da “perguntação” oportuna, empática e inteligente.
Tenho para mim que a curiosidade não matou o gato – tornou-o muito mais sabido.
Editorial da PRIMA 19
Procure a A Nossa PRIMA nas bancas ou na loja da Trust in News