Quantas páginas se podem escrever sobre o branco? Dezenas, a julgar pela obra do historiador francês Michel Pastoureau, cujos livros sobre a história de diferentes cores têm sido publicados pela Orfeu Negro nos últimos anos. O sexto e último da coleção chegou às livrarias em julho deste ano e debruça-se sobre uma cor que, basta fazer um vox pop rápido a quem o rodeia, muitos dirão que não é uma cor (ou é a ausência dela). Errado, explica o autor logo nas primeiras páginas. E justifica-o: “Para ver aparecer uma espécie e equivalência entre «branco» e «incolor», temos de esperar pelo fim da Idade Média e pelo início da época moderna. O papel parece ter sido aqui determinante. Suporte do livro impresso e da imagem gravada, o papel, mais branco que o pergaminho, acaba por constituir uma espécie de grau zero da cor”. Seria preciso, continua Pastoureau, esperar pela década de 90 do século XX, para que o branco voltasse a ser considerado cor de pleno direito, com mão de alguns artistas.
Associado desde sempre à pureza, à limpeza, à paz, à inocência, à bondade, a cor deste livro é dissecada, não em termos ensaísticos ou filosóficos, mas antes numa cronologia histórica que retrata a sua presença no mundo ao longo dos séculos e a sua relação com os diferentes povos. E apesar de fechar a publicação da coleção do autor, poderá ser uma boa porta de entrada para explorar os outros cinco livros, onde se contam a história do amarelo, do vermelho, do verde, do azul e do preto.
O livro está editado pela Orfeu Negro e custa €17