Dormir dentro de uma obra de arte de Vhils é uma das propostas do Artsy Cascais. A ideia é arrojada, mas funcional. Materializa-se numa ala de quartos que tem como revestimento exterior uma gigantesca peça do artista português, feita em blocos de betão, através da qual a luz entra pelas janelas. É o lado contemporâneo do hotel a contrabalançar com o icónico palacete construído em finais do século XIX, a partir do qual nasce esta história. Ela remonta ao ano 1899, quando o rei D. Carlos, precursor da época de veraneio em Cascais, desafiou o amigo Francisco Trindade Baptista a construir uma casa nas imediações do Palácio da Cidadela. “Conta-se que na altura era uma espécie de bromance”, diz, em tom de brincadeira Francisco Pestana, o diretor do Artsy. Comprada mais tarde pelo industrial Alfredo Silva, acabou, em boa hora, nas mãos da família materna de Francisco Maria Balsemão. E quando Francisco herdou a casa de férias da sua adolescência, decidiu transformá-la num hotel de charme.
Situada no coração da vila, a dois passos do mar, conta com 19 quartos e suítes, de cinco tipologias. A arquitetura é de Pedro Gomes Fernandes, que ligou o antigo palacete, com a escadaria e madeiras do chão recuperadas, ao novo edifício, construído onde em tempos funcionou a garagem, através de uma estrutura de vidro. O trabalho de decoração de interiores é de Marta Carreira, puxa os tons da areia das praias ali perto, traz algumas marcas dinamarquesas à decoração e aposta na arte moderna, em grandes telas espalhadas pelo hotel. Há uma parceria com a galeria Lehman + Silva, que expõe quatro grandes quadros no hotel durante um ano, peças de João Gabriel e João Vasco Paiva, de Alice Morey e Daniel Lergon. E também com a mira apontada à arte urbana, há peças da artista britânica Fipsi Seilern, que junta à arte mais clássica algumas referências do graffiti.
No último andar do hotel há um rooftop com piscina para hóspedes – que poderá vir a receber eventos ao início da noite -, um bar-livraria perfeito para beber um copo pré-jantar, com coffee table books para folhear, uma Pink Room, sala mais intimista, aberta a grupos, e um restaurante aberto para jantares também a passantes, o Art, com consultoria do chefe Daniel Estriga (do Conceito), execução de Carlos Nunes e David Casaca.. A cozinha é de partilha, feita com ingredientes de pequenos produtores, para acompanhar com cocktails feitos ao momento. Está aberto a passantes e é uma desculpa para espreitar o novo Artsy e, quem sabe, ficar a dormir.
Av. Dom Carlos I, 246 / 21 013 2390 / Quartos a partir de €210 (época baixa)