Fixei esta frase da entrevista ao Hugo que trazemos nesta edição: a melhor forma de tocar a consciência dos outros é “ir lá por amor”. Ou seja, insistir em mostrar o que para nós pode ser óbvio de forma paciente, explicando e voltando a explicar a mais elementar lição de cidadania: tentar colocar-se no lugar do outro antes de o julgar. Os ingleses têm uma expressão feliz: andar nos sapatos da outra pessoa. Ora aqui está algo que devia ser aprendido e ensinado nas escolas desde tenra idade.
Sou das que gostam de acreditar que grande parte dos problemas do mundo se resolve pela educação e por este exercício de, chamemos–lhe assim, empatia. O racismo, a homofobia, a xenofobia perdem terreno fértil se desde cedo as pessoas conhecerem o outro, aprenderem a respeitar a diferença e tentarem, à partida, imaginar-se no lugar de quem criticam ou temem.
Hugo van der Ding, que faz a capa desta edição, tem a rara característica de conseguir juntar duas competências: a capacidade de ir lá pelo amor… e pelo humor. Rirmos de nós próprios e das nossas contradições, dos nossos paradoxos e absurdos é a melhor forma de, por um lado, darmos conta deles, e, por outro, tentarmos emendá-los.
Precisamos de mais Hugos a mostrar-nos que a terra dos outros poderia ser também a nossa, que os pontos de desencontro podem ser ótimos lugares e que, no final, vamos todos morrer. Façamos do tempo que andamos por cá, portanto, o melhor possível.
Editorial da PRIMA 20
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