Boycott em inglês, boycotter em francês, boicotear em espanhol, boicottare em italiano. As semelhanças entre as diferentes línguas devem-se a um só senhor: Charles Cunningham Boycott. Ele próprio a ser boicotado pelos seus arrendatários. Quando? Onde? Já lá vamos. Apenas salientar que, historicamente, antes dele, outras pessoas, grupos ou organizações foram boicotadas, mas o termo foi apenas cunhado nessa altura, enquanto verbo e substantivo.
O episódio remonta à Irlanda, outono de 1880. Charles Boycott (1832-2897) era então um capitão inglês reformado, chamado a administrar as terras de um senhorio irlandês, e responsável por cobrar as rendas aos camponeses, cargo que desempenhava, reza a história, com algum autoritarismo. Descontentes com os valores a pagar, e não tendo sido época de boas colheitas, os camponeses pediram um desconto nos pagamentos mensais, medida que não foi aceite. Antes pelo contrário: Boycott tentou expulsá-los das suas terras. Então, suportados pela Irish National Land League, um sindicato de trabalhadores rurais da época, seguiram a proposta de um seus dos líderes, Charles Stewart Parnell: em vez de matarem a pessoa, como sugeria a multidão, passavam a evitá-la, ostracizando-a e a todos os que trabalhassem com ela. Deixaram as suas terras por lavrar, deixaram também de lhe vender produtos e até o privaram do próprio correio. Charles Boycott teve de contratar trabalhadores de outras localidades para lavrarem as suas terras, que tiveram de ser escoltados pela polícia. Acabou por abandonar o cargo ainda nesse ano.
O caso foi seguido pelos jornais da época, tendo o termo ‘boycott’ sido usado pelo The Times londrino, com o significado que tem hoje em dia. Oito anos depois, a palavra entrava no Oxford English Dictionary e rapidamente se espalhou pela Europa e Estados Unidos da América, sendo usada sempre que se pretende cortar relações com uma pessoa ou grupo, por pressão ou vingança.
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