A Google está, pela primeira vez, a vender diretamente os smartphones Google Pixel no mercado português. A tecnológica anunciou na semana passada a nova linha de telemóveis de marca própria, os Pixel 8 e Pixel 8 Pro, que, tal como o nome indica, vai na oitava geração, depois de se terem estreado no mercado em 2016 (antes disso a Google já tinha tido uma outra linha de smartphones, chamada Nexus, mas fabricada em conjunto com parceiros como a LG e a Samsung).
O que leva à inevitável pergunta – por que razão só agora chegam a Portugal? “É difícil expandir para novos países. E queríamos fazê-lo bem. Podíamos tê-lo feito [vender em Portugal] quando viemos para Espanha ou para França, mas não o faríamos com a devida atenção”, explica Gary Moreline, diretor de vendas de canal e ativação de marca da Google para a Europa, África e Médio Oriente (EMEA), em entrevista à Exame Informática. “Gostaríamos de ter vindo antes”, admite o responsável.
No entanto, considera que “agora é a altura perfeita, pois temos os melhores equipamentos, o melhor ecossistema e dois parceiros [de lançamento]”. É que além de vender os equipamentos diretamente através da sua loja online, a Google tem uma parceria exclusiva com a retalhista Worten e com a operadora de telecomunicações Vodafone para a venda dos seus equipamentos.
Gary Moreline esclarece que esta exclusividade é apenas para a fase de lançamento e replica um modelo usado pela Google quando entrou noutros mercados. Quanto ao tempo de duração da exclusividade, diz que pode ser de seis a doze meses, o que dá a entender que os equipamentos da Google acabarão por ficar à venda em mais lojas e operadores de telecomunicações com o passar dos meses.
Objetivos para Portugal
O responsável de vendas da Google confirmou também à Exame Informática que outros equipamentos de referência da empresa – como o smartphone dobrável Google Pixel Fold (“não num futuro previsível”) e o Pixel Tablet (“não estou certo que chegue ao mercado”) – não deverão chegar a Portugal. O objetivo da empresa em termos de hardware para o mercado português é bastante claro: “Queremos o Google Pixel nas mãos do maior número possível de portugueses”, revela.
O porta-voz da empresa reconhece que a tecnológica chega ao mercado numa fase em que já existem marcas muito estabelecidas – como são exemplos a Samsung, a Apple e a Xiaomi – e há muitas outras a lutar pelo que ‘sobra’ do mercado de venda de smartphones.
“Temos de trabalhar muito mais duro para contar a nossa história. Já tens a Samsung e a Apple nas lojas. Temos de nos destacar. Uma das razões pelas quais vamos trabalhar com aqueles parceiros é porque são os melhores em mostrar equipamentos. Se não te mostrarem as funcionalidades [quando vais à loja], não serve”, sublinha.
O executivo confirma que nas lojas da Worten existirão funcionários dedicados a mostrar as funcionalidades e potencialidades dos smartphones Google Pixel, assim como mostradores próprios para os equipamentos da tecnológica norte-americana.
“A razão pela qual nos demorou tanto [a venda dos Pixel] é porque somos sérios com o nosso compromisso com Portugal. Queremos criar uma base de consumidores dos Pixel em Portugal. É muito caro entrar num mercado apenas por vaidade”, disse, afastando assim um cenário de uma presença tímida neste segmento.
Mais do que números concretos de vendas, Gary Moreline sabe que os Pixel chegam tarde a um mercado já saturado e em declínio de smartphones, pelo que apresenta objetivos… diferentes. “Quando lançámos no Reino Unido, fiquei muito feliz quando no centro de Londres só conseguia ver a faixa icónica das câmaras dos dispositivos Pixel. Deixou-me muito orgulhoso. Para mim o sucesso em Portugal seria ver as pessoas com um Pixel 8 ou Pixel 8 Pro no metro, na praia ou num bar”.
A chegada dos equipamentos Google a Portugal acontece integrada numa expansão maior da empresa no mercado europeu – os dispositivos passaram também a estar disponíveis na Áustria, Suíça e Bélgica –, mercados que se juntaram a outros (incluindo Espanha, França e Itália, por exemplo) nos quais os smartphones e relógios da tecnológica americana já eram vendidos.
Por fim, uma outra novidade. A Google vai ter uma equipa dedicada, integrada na Google Portugal, para trabalhar o hardware como uma unidade de negócio, composto por elementos de vendas, marketing e operações. Questionado sobre quantas pessoas tem esta equipa, Gary Moreline foi esquivo: “É sensivelmente do mesmo tamanho das equipas dos concorrentes”.
De recordar que além dos smartphones Google Pixel, a Google agora também vende relógios inteligentes, pulseiras desportivas e auriculares sem fios no mercado português.