A Associação para a Modernização da Mobilidade Elétrica (AMME) publicou um artigo que coloca Portugal na 25ª posição entre os 27 países da União Europeia no que diz respeito à rede de carregamento para veículos elérticos. A análise baseia-se nos objetivos estabelecidos pelo AFIR (Alternative Fuels Infrastructure Regulation), que definem a potência de carregamento disponível em função do número de veículos em circulação: 1,3 kW por veículo 100% elétrico e 0,8 kW por veículos híbridos plug-in.
Ora, segundo os dados do Observatório Europeu dos Combustíveis Alternativos, Portugal está 37,6% acima do objetivo. O que parece ser um valor bastante positivo acaba por ser, como salienta a AMME, um dos piores: só dois países dos 27 têm piores resultados que Portugal nesta métrica. Os dados deste observatório consideram todas as redes de carregamento nos diferentes países, incluindo as privadas (como a rede da Tesla, por exemplo).
Mas a AMME sublinha que a posição portuguesa fica ainda pior quando se considera os dados da MOBI.E, que apenas considera a potência na rede pública gerida por esta entidade: “Numa comparação com os 27 países da União Europeia, Portugal encontra-se atualmente em 25º lugar, apenas 37,6% acima do limite mínimo legal de infraestrutura imposto pelo AFIR, sendo que a MobiE reporta estarmos apenas 2,8% acima do limite.”
Num artigo publicado no DN, Luís Barroso, presidente da MOBI.E, salienta outra métrica que resulta num cenário mais positivo para Portugal, a distância entre postos: “se o regulamento define uma distância máxima de 60 km entre postos, a nossa legislação já prevê uma distância inferior, de 40 km, para estações de serviço, que incluem todos os carregadores nas redes transeuropeias de transportes, que são as autoestradas A2, a A25 e a A6”.
Luís Barroso também salienta o forte crescimento das vendas de veículos elétricos em Portugal relativamente a outros mercados: “A MOBI.E já monitoriza a evolução deste indicador desde abril de 2022 e, apesar do crescimento acelerado do parque automóvel eletrificado, a infraestrutura de carregamento de acesso público tem vindo a registar desde sempre valores superiores ao mínimo exigido, cuja obrigação só estará ativa a partir do final deste ano”.
Previsões muito diferentes
No mesmo artigo do DN, o presidente da MOBI.E acredita que Portugal vai “cumprir e provavelmente até ultrapassar os critérios do AFIR, porque a própria dinâmica do mercado dos elétricos vai levar os operadores a instalarem mais postos de carregamento”.
Opinião bem diferente tem a AMME que, publicou um outro post no blogue da associação em resposta ao artigo do DN que, com base na evolução da métrica do AFIR, prevê que Portugal vai deixar de respeitar o AFIR “entre o último trimestre e o início de 2025”.
Para a AMME, o crescimento da rede de carregamento é limitado pela regulamentação portuguesa, que impõe que os postos de carregamento público estejam ligados à MOBI.E: “a regulamentação portuguesa tem sido um dos fatores que atrasa o investimento na rede de carregamento e respetiva qualidade de serviço”. A AMME defende que “a solução tem de passar por uma reforma da legislação e é essa a mensagem que estamos a comunicar à legislatura atual, com base nos dados de crescimento da rede de carregamento pública, com base no que dizem os nossos associados e os agentes de mercado com quem temos dialogado”.