A Exame Informática entrou na Eco Race Proença-a-Nova, a segunda prova do Campeonato Nacional de Novas Energias, após já ter competido na primeira prova, o Oeiras Eco Rally. Provas em que participámos a título formativo, de modo a aprofundarmos os nossos conhecimentos sobre viaturas elétricas e sobre esta modalidade desportiva mais sustentável. Graças à camaradagem das equipas mais experientes, fomos recebendo formação ao longo das provas relativamente à forma como funcionam estas competições de regularidade e às técnicas usadas para se conseguir as médias e tempos pedidos pela organização. Confessámos que no início da prova nem sabíamos exatamente ao que íamos – pensávamos que só teríamos de conduzir às velocidades médias pedidas. Nada de mais errado: nas provas de regularidade a complexidade pode ser muita graças às constantes mudanças de objetivos dentro de cada prova especial de classificação (normalmente divididas em vários troços). Em pouco metros podemos ser controlados várias vezes com intervalos de apenas alguns segundos e com alterações de rota à mistura. A comunicação entre piloto e navegador é constante e, no nosso caso (falta de experiência), demos por nós muitas vezes a perceber que não havia tempo para essa comunicação, o que levou a enganos que geram fortes penalizações. Garantimos, ao fim de algumas dezenas de quilómetros e meia dúzia de provas especiais de classificação, é muito fácil ficar ‘de rastos’.
Ora, os enganos referidos e a constante procura de se estar próximo da média leva a outra situação que não esperávamos: muitas vezes é necessário andar bem depressa. É que respeitar uma média de 50 km/h parece fácil, mas em estradas sinuosas isso pode significar curvar nos limites. Muito diferente do que pensávamos à partida.
Como funciona
Como o nome indica, nos ralis de regularidade o que mais importa é conseguir ser regular. Ou seja, tentar passar, ao segundo, pelos pontos de controlo definidos e à hora marcada. O que é indicado no roadbook, onde também está indicado as instruções de navegação. Há variações neste tipo de provas: os controlos podem ser feitos com base nas velocidades médias pedidas para cada troço (controlos feitos em pontos de passagem que as equipas desconhecem), em pontos definidos especificamente nos roadbooks ou, simplesmente, por medições dos tempos totais entre o início e fim de cada troço. Muitas vezes, as provas incluem uma mistura destes vários métodos para aumentar a dificuldade, bem como troços de ligação (entre provas) apertados. Atualmente, as organizações recorrem a sistemas de georreferenciação GPS, através da instalação de sensores nos carros, para fazerem as medições.
Tudo isto aconteceu em Proença-a-Nova, o que tornou a prova mais desafiante e, pelo menos para nós, amadores sem objetivos competitivos, mais divertida.
Se, no passado, os navegadores tinham de recorrer apenas a cronómetros, tabelas e cálculos para levarem os condutores a conseguirem aproximar-se, o mais possível, dos objetivos, hoje a tecnologia dá uma grande ajuda. E foi assim que descobrimos que uma das apps mais populares é o Rabbit Rally 2, uma app de utilização gratuita. Foi esta app que boa parte das equipas, incluindo a Exame Informática, utilizaram.
A importância da precisão do GPS
Sabe quantas vezes por segundo o seu smartphone atualiza a posição GPS? É provável que não, até porque é uma característica pouco importante para uma utilização normal do smartphone, mesmo quando é usado para navegação. Mas é um valor importante em provas de regularidade, onde falhas de apenas alguns metros podem significar a perda de vários lugares na classificação. É por isto que, durante as provas, os navegadores estão constantemente a corrigir os valores dados pelos sistemas de georreferenciação usando como referência marcas no terreno, como os marcos das estradas.
Para se conseguir ser regular é fundamental ter acesso a informação fidedigna relativamente à velocidade e posição. Por isso é comum as equipas recorrerem a equipamentos extra, como unidades de GPS dedicadas de alta performance ou, no caso das equipas mais profissionais, até sensores instalados nas rodas dos carros (medem as distâncias percorridas com maior precisão).
Na Eco Race Proença-a-Nova recorremos ao Rabbit GLO, um aparelho de GPS capaz de atualizar a posição de GPS 10 vezes por segundo, o que resulta numa precisão entre 1 a 3 metros, bem acima do que é conseguido pelos smartphones. Este aparelho liga-se ao smartphone via Wi-Fi, de modo a poder-se usar a app Rabbit Rally 2.0 já referida.