O Mustang Mach-E é um daqueles carros que surpreende ao vivo. É um SUV de aspeto musculado, com grandes ‘ombros’, mas curvilíneo e espaçoso. Estamos convencidos que vai agradar a uma grande variedade de público, capaz de entusiasmar o condutor e convencer a família.
Criado para ser elétrico
Basicamente, no que diz respeito à origem, podemos dividir os carros 100% elétricos em dois grandes grupos: aqueles que usam plataformas partilhadas com veículos com motores a combustão e aqueles que utilizam plataformas criadas de raiz para elétricos. Ora, na primeira categoria é sempre necessário fazer algum tipo de concessões. Felizmente, o Mach-E pertence à segunda: usa uma plataforma criada de raiz para carros elétricos. Isto nota-se no espaço útil. Por exemplo, na frunk (mala) frontal (por baixo do capô), com uns generosos 88 litros de capacidade. Uma bagageira impermeável, com saída de água, que pode ser usada, por exemplo, para arrumar um fato de surf molhado. Uma mala que pode ser lavada com mangueiradas mas que só se pode abrir a partir de dentro do carro, como os capôs tradicionais. Quanto à mala na traseira, há espaço q.b. para transportar a bagagem de quatro ou cinco pessoas e, se rebatermos bancos traseiros, até dá para transportar alguns móveis. Quanto ao espaço para passageiros, pareceu-nos satisfatório para cinco adultos. Neste aspeto, mais uma das vantagens das plataformas 100% elétricas: apesar de o Mach-E ser de tração traseira ou de tração integral, não há túnel de transmissão a roubar espaço ao lugar do meio. Isto porque, naturalmente, nos elétricos não há transmissão convencional. Mas sim motores montados diretamente nos eixos – um motor para as versões com tração traseira (RWD) e dois motores, um em cada eixo, para as versões com tração integral (AWD).
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Tecnológico
O ecrã central gigante de elevada resolução faz-nos lembrar o ecrã dos Tesla Model S e Model X. Um ecrã ao alto que, no caso do Mach-E, tem um pormenor inovador e prático: uma roda de comando real, integrada no ecrã, para controlar facilmente o volume (e outas funções caso o software assim o ditar). E junto a esta roda, colocada na parte inferior do ecrã, estão sempre disponíveis as opções de climatização. Gostamos porque é um formato que consegue conjugar o modernismo do ecrã tátil com a funcionalidade prática dos comandos físicos.
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Neste ecrã há muito para explorar. Além da navegação – e verificámos que as instruções em português têm algumas falhas – e do multimédia, há muitas funcionalidades de controlo e utilização do carro. Sublinhamos o sistema de agendamento dos carregamentos. Nunca vimos um sistema tão intuitivo e funcional, que permite definir dias e horas de carregamento de modo muito gráfico. Ainda no campo do carregamento, há opções para limitar a percentagem da bateria a carregar de acordo com a posição geográfica. O Mach-E não é o primeiro carro a fazê-lo, mas fá-lo, uma vez mais, de modo muito intuitivo e gráfico.
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Tratando-se de um carro permanentemente ligado à Internet, a Ford aproveitou para permitir o acesso remoto via smartphone. Novamente, nada de novo, mas poucos carros oferecem o nível de funcionalidade apresentado. Por exemplo, podemos programar a rota no smartphone e enviá-la para o Mach-E, com a característica inteligente de a rota poder definir automaticamente o nível de carregamento. De outro modo, se a viagem planeada para o dia a seguir for longa, o carregamento poderá começar mais cedo que o agendado para garantir autonomia.
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É, também, no ecrã principal que podemos escolher entre três modos de condução, um equilibrado, um que privilegia a eficiência e o conforto e um ‘indomado’, para máximo desempenho. Modos que afetam de forma notável o peso da direção e a resposta. Para quem valoriza a maior regeneração, é possível escolher a condição com ‘um único pedal’ e/ou ativar o modo L no seletor de marcha.
No que a apoios à condução diz respeito, o Mach-E enquadra-se na categoria de condução autónoma de nível 2, sendo capaz de respeitar a velocidade máxima da via ou a velocidade de circulação do trânsito e manter-se na faixa de rodagem. Devido à regulamentação na Europa, é preciso manter as mãos no volante. Uma câmara montada junto ao painel de instrumentos permite verificar o nível de atenção do condutor.
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Muita autonomia e performance
O Mach-E está, ou melhor, vai estar, lá para setembro, disponível com duas capacidades de bateria e versões com tração traseira (RWD) e integral (AWD). Mesmo a versão Standard tem uma bateria com capacidade total superior a 75 kWh, dos quais 68 kWh são úteis. Como é habitual, a Ford reserva uma parte da bateria para garantir maior longevidade. Capacidade que permite uma autonomia de 440 km na versão RWD e 400 km na versão AWD (WLTP). A potência é de 198 kW (269 cavalos) para as duas versões, mas o binário na versão AWD é maior (580 Nm em vez de 430 Nm).
As versões com autonomia alargada têm uma bateria com quase 100 kWh, 88 kWh dos quais podem ser utilizados. O que permite uma autonomia de 610 km na versão RWD e 540 km na versão AWD. Esta última versão é a mais potente de todas, com 258 kW (351 cavalos). Pelo menos até à chegada do Mach-E GT, que cai ser capaz de acelerar dos 0 aos 100 km/h em 3,7 segundos. Mas podemos garantir que mesmo o Mach-E de 351 cavalos, a versão que conduzimos, já nos deixa colados aos bancos quando aceleramos a fundo.
Preço: uma boa notícia (para quem pode)
Considerando as características e comportamento do carro, o preço é uma agradável surpresa. A versão mais acessível custa cerca de 50 mil euros e a versão mais cara tem um preço base de cerca de 67 mil euros. Demais para a maioria dos portugueses, mas concorrentes como o Jaguar i-Pace, talvez o concorrente mais direto, Audi E-Tron ou Mercedes EQC custam bem mais. Na verdade, o preço deste Mach-E é mais próximo dos preços do Mercedes EQA ou do Lexus UX300e e, neste primeiro contacto, pareceu-nos que o carro da Ford joga claramente no campeonato dos primeiros, não dos últimos. As versões mais equilibradas estão, como é habitual, no meio. O Mach-E RWD com bateria de 98,8 kWh por cerca de 58 mil euros é, certamente, um dos carros com melhor custo por kWh. E a versão AWD com bateria de 75,7 kWh por cerca de 57 mil euros permite a tração extra para algumas aventuras a um preço nunca visto considerando as prestações.