Aumentar significativamente a penetração de carros elétricos na frota de veículos pessoais é uma das medidas que terá maior peso no combate às alterações climáticas, defende Jessika Trancik, a professora associada do MIT que conduziu um estudo para perceber quais as mudanças que têm de ser feitas na infraestrutura de forma a aumentar a adoção dos veículos ‘verdes’. O estudo, feito em conjunto com outros três investigadores e publicado agora no Nature Energy, conclui que pontos de carregamento em ruas residenciais, disponibilização de postos de carregamento rápido nas autoestradas e a disponibilização de um veículo suplementar aos condutores que precisem de ir além do que as baterias permitem são três medidas que podem aumentar significativamente o potencial de eletrificação.
Os investigadores analisaram as respostas a inquéritos sobre os hábitos de condução e necessidades de utilizadores dos EUA, recolheram dados de GPS das viaturas e traçam agora algumas medidas que irão ajudar a que mais condutores optem pelos carros elétricos.
“Examinamos como diferentes pessoas se movem de um local para outro, ao longo do dia, e onde estão a parar. A partir daí, fomos capazes de analisar quando e onde é que poderiam recarregar as baterias dos carros sem interromper a sua rotina”, explica Trancik citada pelo SciTech Daily. Os dados foram analisados numa perspetiva diária regular e também nas variações que ocorrem ao longo do ano, com a investigadora a defender que “a visão longitudinal é importante para capturar as diferentes necessidades dos condutores ao longo do tempo, para conseguirmos determinar os tipos de infraestrutura necessários para suportar a eletrificação”.
Na maioria dos casos, a autonomia proporcionada atualmente pelas baterias, é suficiente para as necessidades diárias dos condutores. Ainda assim, algumas vezes por ano, foi detetada a necessidade de dias em que o condutor tem pouco tempo para recarregar a bateria ou em que precisa de ir mais longe. Esses dias, classificados como ‘high-energy days’ no estudo, só acontecem algumas vezes, mas podem ser um fator decisivo no momento da compra de um elétrico. Para fazer face a estas necessidades, e uma vez que as baterias de maior capacidade ainda são caras, o plano pode passar por explorar parcerias público-privadas para novos espaços de carregamento e os fabricantes de veículos podem explorar a hipótese de alugarem ou disponibilizarem carros com maior autonomia, algumas vezes por ano.
Segundo esta análise em Seattle, colocar mais postos de carregamento rápido em autoestradas ou disponibilizar veículos com mais autonomia quatro dias por ano aumentava de 10% para 40% o número de condutores que cumpriam todas as suas necessidades com veículos elétricos. Adicionar postos de carregamento rápido, postos de carregamento nos locais de trabalho, postos públicos para carregamento de noite, reforçar a oferta em zonas residenciais e até dez dias de acesso a veículos suplementares aumentam este número para 90%.
O estudo pretende disponibilizar algum tipo de referências às entidades políticas para perceberem melhor para onde devem ser canalizados os fundos destinados a melhorar a eletrificação e perceber quais as medidas prioritárias que podem vir a ter um maior impacto.