Inovador, disruptivo… Apenas alguns dos adjetivos fortes que foram empregues pelos responsáveis da Citroën durante a apresentação do Ami à imprensa, que decorreu em Paris. Este veículo pretende ser uma solução para vários problemas que afetam a mobilidade urbana. A começar pelo preço, já que vários estudos indicam que os custos de aquisição e utilização de um carro estão acima das possibilidades de muitos utilizadores, a começar pelos mais jovens. O Ami vai estar disponível em diferentes modalidades: aquisição, renda e partilha. Para quem quiser comprar este veículo, a Citroën promete um valor muito abaixo do que estamos habituados: €6900. Espera-se que a configuração e encomenda seja feita online, com entrega diretamente na casa do cliente, incluindo uma pequena formação dada por um profissional da marca francesa.
Para quem preferir uma renda de longa duração (48 meses), o custo mensal pode ser ao nível de uma subscrição de um serviço de comunicações móveis, cerca de €20/mês após uma entrada inicial de €2644 . No caso das redes de partilha, o custo previsto é de 26 cêntimos por minuto, um valor próximo do que estamos habituados a ver em redes de partilha de trotinetes. Estes valores são para o mercado francês, onde o Amid vai poder ser encomendado a partir do final de março (as entregas estão agendas para começar em junho). Segundo apurámos, os valores para Portugal poderão ser similares. A expetativa da Citroën é que o Amid chegue a Portugal lá para novembro. Aliás, Portugal foi um dos seis países já pré-selecionados pela marca francesa para introduzir o Ami – os restantes são Alemanha, Bélgica, Espanha e Itália.
Não precisa de carta
Tratando-se de um quadriciclo com velocidade limitada a 45 km/h, o Ami não deverá exigir carta de condução ‘de carro’, apenas licença que pode ser obtida por jovens de 16 anos. Mais uma característica que contribui para a redução de custos e para tornar este veículo acessível a mais utilizadores.
A reduzida dimensão, com destaque para o comprimento abaixo dos 2,5 metros, faz com que dois Ami possam ocupar apenas um lugar de estacionamento convencional, outra vantagem importante para os grandes centros urbanos. Como só tem 1,39 metros de largura e um diâmetro de curvatura de apenas sete metros, o Ami deverá facilitar a vida a quem circula em ruas estreitas.
Autonomia q.b.
Considerando o preço, ninguém esperaria características técnicas particularmente impressionantes. A bateria de apenas 5,5 kWh limita a autonomia a 70 km, um valor ainda assim muito superior aos 45 km que, em média, os europeus que vivem em centro urbanos fazem diariamente. Para carregar, basta uma tomada comum, processo que demora até três horas (carga completa) quando a usar o carregador fornecido. A Citroën não indicou qual a potência deste carregador, mas considerando os valores indicados para a capacidade da bateria e para o tempo de carregamento, é de esperar que o carregador tenha uma potência próxima de 1,8 kW. Ou seja, deverá ser um carregador de 8 amperes para os 220/230 volts das tomadas comuns.
No breve contacto que tivemos com o Ami, tornou-se evidente que a Citroën recorreu a uma série de técnicas para conter os custos. Por exemplo, os painéis da frente e de trás pareceram-nos idênticos e o mesmo se pode dizer das portas, que abrem nos dois sentidos. Não há elevadores para os vidros, que abrem de forma articulada, ao estilo do antigo Citroën 2CV, e os bancos pouco mais são do que um tecido resistente aplicado a uma estrutura metálica. Há muito plástico, tanto no interior como no exterior, mas o carro até nos pareceu relativamente confortável e o espaço acaba por ser satisfatório para condutor e passageiro. Curiosamente, os bancos estão ligeiramente desalinhados para evitar choques de ombros entre os dois ocupantes. E, tratando-se de um carro muito pensado para os mais jovens, há um mecanismo para fixar o smartphone no tablier. Aliás, será o smartphone o centro de infoentretenimento deste carro.
A personalização também não foi esquecida, já que há seis packs de acessórios de cores diferentes para adaptar o interior ao gosto do utilizador.
Aliciante
Teremos de esperar para ver se os custos para Portugal vão ser os que Citroën indicou para França. Se assim for, o Ami tem muitos pontos positivos para atrair jovens e para ser usado em diferentes redes de partilha. Pareceu-nos um veículo despido de artifícios, criado para quem valoriza a funcionalidade a características. Um veículo pensado para levar os utilizadores do ponto A ao ponto B de modo eficiente e, sobretudo, muito económico. Acreditamos que o Ami vai fazer muitos amigos.