1. Mastroianni x 100
Os cem anos do nascimento de Marcello Mastroianni, o mais celebrado dos atores italianos, são assinalados na Festa do Cinema Italiano com um ciclo, que inclui clássicos de Fellini (8 ½ e La Dolce Vita), irmãos Taviani (Que Viva a Revolução!), Luchino Visconti (O Leopardo), Ettore Scola (Um Dia Inesquecível) e também de Manoel de Oliveira (Viagem ao Princípio do Mundo). Além disso, passa o documentário Mi Ricordo, Sì, Io Mi Ricordo, de Anna Maria Tatò; no Cinema São Jorge pode ver-se a exposição fotográfica Marcello… Anda Cá!; e haverá uma sessão de apresentação do livro La Bella Confusione, de Francesco Piccolo, sobre o cinema de Fellini e Visconti.
2. Ópera na Tela
A ópera, uma das expressões máximas da cultura italiana, é convidada de honra nesta Festa. Chegam ao grande ecrã cinco filmes-ópera, que permitem desfrutar de obras de grandes compositores em excelentes condições. A saber, La Traviata, de Giuseppe Verdi, com realização de Mario Matrone; La Forza del Destino, também de Verdi, por Leo Muscato; La Rondine, de Giacomo Puccini, por Irina Brook; e Il Boemo, filme de Petr Václav centrado no universo da ópera. Uma viagem visual e sonora, numa programação que inclui momentos musicais, como o concerto do Grande Duo Italiano.
3. Antonio Pietrangeli
Em terra de Visconti, De Sica, Antonioni, Pasolini, Fellini e Rossellini, a Festa do Cinema Italiano convida-nos a conhecer um outro mestre do cinema italiano. Antonio Pietrangeli morreu precocemente, aos 49 anos, em 1968, e esse talvez seja um dos motivos de a sua obra ser pouco conhecida. Contudo influenciou gerações de cineastas. Na Cinemateca Portuguesa vai passar uma retrospetiva integral da sua obra, que inclui filmes como Amore di Mezzo Secolo (1954), Adua e le Compagne (1960), Fantasmi di Roma (1961), La Parmigiana (1963), La Visita (1963), Il Magnifico Cornuto (1964), Le Fate (1966) e Come, Quando, Perché (1969).
4. Antifascismo e anticolonialismo
A Festa do Cinema Italiano deste ano tem uma grande componente histórica e política. A começar logo pelo filme de abertura, A Grande Ambição, de Andrea Segre, uma obra de fôlego centrada em Enrico Berlinguer, histórico líder do Partido Comunista Italiano, fundador do chamado eurocomunismo. O realizador estará presente na sessão (9 abr, qua 21h30, Cinema São Jorge). Decorre, ainda, o programa especial Sombras: Histórias de Colonização, Solidariedade e Libertação, comissariado por Mattia Tosti e Orsola Vannocci Bonsi, em que se procuram pontes entre Itália e Portugal. Do programa fazem parte várias curtas-metragens, mas também o documentário If Only I Were That Warrior, de Valerio Ciriaci. Há ainda espaço para um debate, com curadoria de Giulia Strippoli, com a participação de Giorgio de Marchis, Claudio Miscia, Sandro Moiso e Luca Peretti.
5. Antestreias
Uma oportunidade para ver, em primeira mão, filmes que mais tarde vão estrear nas salas. Alguns dos realizadores estarão presentes no festival. São os casos de Antonio Piazza e Fabio Grassadonia (O Último Padrinho) e Samir (La Prodigiosa Transformazione della Classe Operaia in Stranieri). De resto, destaca-se Marcello Mio, comédia de Christophe Honoré, com Chiara Mastroianni; O Regresso de Ulisses (Itaca ‒ Il Ritorno), de Uberto Pasolini; e Vermiglio, de Maura Delpero, vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza. E ainda dois grandes sucessos de bilheteira em Itália: Diamantes, de Ferzan Özpetek, e LoucaMente, de Paolo Genovese.
6. Cicciolina e a Diva Futura
Nos anos 1980, Riccardo Schicchi e Ilona Staller (mais conhecida como Cicciolina) criaram a produtora Diva Futura, que acabou por ser responsável pelo aparecimento de uma certa indústria porno italiana. O filme de Giulia Louise Steigerwalt centra-se na figura de Schicchi, retratado como um sonhador, de ideais hippies, que leva a ideia de amor livre ao extremo hardcore, mas procurando sempre um conceito de beleza, que acabou por ser desvirtuado pelos seus concorrentes. Diva Futura faz também o retrato de três atrizes marcantes que por ali passaram. A começar por Cicciolina, que se tornou o maior ícone, mas também Moana Pozzi, que chegou a ser candidata à Câmara de Roma, e Éva Henger, mulher de Ricardo, e uma das mais mediáticas figuras do porno italiano. Um filme ousado, por vezes confuso na forma, que pede uma reflexão sobre a indústria de cinema pornográfico. Diva Futura será o filme de encerramento da Festa do Cinema Italiano (17 abr, qui 21h30, Cinema São Jorge) e culminará com uma festa “proibida”, intitulada Palazzo Cicciolina, cheia de motivos eróticos kitsch, no Palácio do Grilo.
7. Cine-jantar
Como já é tradição, a festa do cinema italiano propõe um cine-jantar. A ideia é conciliar um refinado repasto da melhor comida italiana, com um filme clássico, fazendo uma ligação entre o filme e a ementa proposta. O local permanece secreto, e só próximo da data será revelado. Sabe-se que vai decorrer dia 15 em Marvila e no dia 14 em Cascais.
Festa do Cinema Italiano > Cinema São Jorge, El Corte Inglés, Cinemateca e outros locais de Lisboa > 9-17 abr > programa completo aqui