O nome metafórico da mostra, Ponto e Vírgula, aponta para duas atitudes, referências e contextos criativos absolutamente díspares em relação à escultura. Em Zulmiro de Carvalho, o minimalismo, de alguma forma mais referencial com a História da Arte; em Sebastião Resende, a organicidade, a sublinhar uma intemporalidade ligada à Natureza. O primeiro, desde o final dos anos 60 do século XX, empreendeu uma constante investigação das formas e da linguagem plástica. O segundo tem desenvolvido um trabalho relevante desde a segunda metade da década de 80, afastando-se do mainstream.

Para o curador, Miguel von Hafe Peréz, as obras destes escultores “são uma presença demasiado oculta no panorama da arte portuguesa contemporânea, ainda que, sem qualquer sombra de dúvida, tenham ajudado a redefinir o contexto da escultura contemporânea nacional”. As peças ocupam distintamente o CAV: as de Zulmiro em articulação com o espaço físico da envolvente, sendo “o desenho do vazio tão importante quanto a presença da forma”; as de Sebastião apresentando-se como um objeto estranho e cativante, até pelo material inusitado com que são construídas (em fibra de vidro, areia doce, conchas esmagadas, pigmentos secos e grafite).
A exposição conta, ainda, com desenhos e fotografias dos artistas. Em Zulmiro dominam as texturas semiabstratas em ambos os registos, enquanto que Sebastião revela uma maior diversificação conceptual, destacando-se a forte ligação às tradições nipónicas (nomeadamente à prática caligráfica) no desenho.
Após dois anos de programação, assim encerra o ciclo a vida, apesar dela, concebido por Miguel von Hafe Peréz para o Centro de Artes Visuais (CAV), em Coimbra.

No sábado, 22 de fevereiro, às 16h30, há uma visita guiada à exposição. A entrada é livre (reserva em info@cav-ef.net).
Ponto e Vírgula > Centro de Artes Visuais > Pátio da Inquisição, Coimbra > até 16 mar, ter-dom 14h-19h > grátis