200 anos da Vista Alegre: Uma caixa de joias no Palácio da Ajuda

Das primeiras peças em vidro às criações contemporâneas em porcelana, a história de dois séculos da Vista Alegre revela-se numa exposição no Palácio Nacional da Ajuda

Inês Belo

Luís Barra Repórter Fotográfico

Dourada por fora, branca por dentro, uma caixa oval adapta-se à Sala dos Embaixadores, cenário de receções diplomáticas e de tomadas de posse de sucessivos governos no Palácio da Ajuda.

Sob um enorme lustre que pende do teto, a estrutura imaginada pelo estúdio de design P06 guarda as criações que marcaram a Vista Alegre desde a sua fundação, em 1824, até às produções mais recentes. Mas como contar os 200 anos de uma fábrica que já produziu milhares de peças, serviu a Monarquia e a República, atravessou crises internas e convulsões mundiais?

A estrutura imaginada pelo estúdio de design P06 guarda as criações que marcaram a Vista Alegre desde a sua fundação, em 1824

Aos curadores da exposição, Filipa Oliveira e Anísio Franco, coube o desafio de selecionar os objetos que vemos ao longo de uma linha do tempo. Pratos, jarras, taças, travessas, bules ou bases de candeeiros ilustram como a Vista Alegre foi capaz de criar, renovar e em alguns casos até antecipar-se nesse gesto criativo. Para tal, contribuíram aqueles que nela trabalharam e artistas colaborantes.

A Vista Alegre forneceu casas reais e, ainda hoje, quando há jantares oficiais na Ajuda, é um serviço da marca que vai à mesa

Nos primeiros anos do século XIX, a fábrica fundada por José Ferreira Pinto Basto começa a laborar o vidro (veja-se um frasco bojudo onde se punha água e mel para atrair as moscas), depois peças em pó de pedra, até que em 1827 cozeram as primeiras peças em porcelana, duas chávenas, uma delas recentemente adquirida em leilão pelo Museu da Vista Alegre, em Ílhavo.

É de lá, aliás, que vem boa parte deste acervo, mas também do Museu Nacional de Arte Antiga, da Fundação Medeiros e Almeida e de coleções particulares.

Na sala D. João IV, uma enorme mesa dourada acomoda algumas peças da marca disponíveis para venda, do cristal aos têxteis

A exposição tem como som de fundo a composição Valsa Alegre, de Rodrigo Leão, criada para a celebração dos 200 anos da empresa. A visita começa pela sala D. João IV, onde uma enorme mesa dourada com a forma do símbolo do infinito acomoda algumas peças da marca disponíveis para venda, do cristal aos têxteis.

Na zona da Capela, encontra-se a instalação Continuum, da artista britânica Clare Twomey, uma cascata de porcelana em estado líquido que cai brilhante e fluida, confrontando-nos com o início de tudo.

A instalação “Continuum”, da artista britânica Clare Twomey (na fotografia), uma cascata de porcelana em estado líquido que cai brilhante e fluida

Rumo ao Infinito – Vista Alegre, 200 anos de criatividade > Palácio Nacional da Ajuda > Lg. da Ajuda, Lisboa > até 31 mai, seg-ter, qui-dom 10h-18h > €7, €12 (palácio + exposição)