Seria fácil para o Jazz em Agosto, um dos mais antigos e celebrados festivais de jazz nacionais, ligado à Fundação Calouste Gulbenkian, fazer uma 40ª edição comemorativa, celebrando a data redonda. Mas isso seria ir contra o próprio ADN do festival que, “ao longo destas quatro décadas, tem sido o resultado da soma de todos os músicos” que aí têm atuado, “dos seus projetos, das suas propostas, das suas mensagens e da sua criatividade”, como sublinha Rui Neves, o diretor artístico do festival.
A edição de 2024 será, pois, “mais uma parte que se vai juntar ao todo”, reunindo as escolhas musicais consideradas “mais marcantes e desafiadoras no jazz e na música criativa menos acomodada do tempo presente.” O legado do Jazz em Agosto “é a soma de todas estas partes”, em que o passo seguinte passa por “ser sempre mais disruptivo”, como mais uma vez acontece na edição deste ano, entre 1 e 11 de agosto, com 17 concertos distribuídos pelo Anfiteatro ao Ar Livre, o Grande Auditório e o Auditório 2.
Entre estes destaca-se, por exemplo, a homenagem a Mahalia Jackson, como ativista dos direitos civis, recordada pelo quinteto liderado pelo saxofonista norte-americano James Brandon Lewis, a quem cabe, nesta quinta, 1, pelas 21h30, o concerto de abertura; ou o original arranjo, pleno de improvisação, da obra clássica Sagração da Primavera, de Igor Stravinsky, em versão para dois pianos pela suíça Sylvie Courvoisier e pelo norte-americano Cory Smythe, apresentado na tarde de sábado, 3.
Já na segunda semana de festival realçam-se as atuações do saxofonista norte-americano Darius Jones (8 ago), que irá evocar no seu espetáculo o pensamento dos artistas do movimento Fluxus; a do DJ, compositor e videasta austríaco dieb13 (9 ago), que regressa ao Jazz em Agosto com uma formação alargada, para criar uma resposta musical e visual ao manifesto Beatnik; e ainda a reinvenção da Fire! Orchestra, do saxofonista sueco Mats Gustafsson (11 ago), que viaja pela música escrita contemporânea, a música improvisada, o jazz cósmico, o rock ou as músicas tradicionais brasileira e africana, através de uma superformação de 16 elementos que encerrará, em grande, esta 40ª edição do Jazz em Agosto.
Jazz em Agosto > Fundação Calouste Gulbenkian > Av. de Berna 45-A, Lisboa > 1-11 ago > €7 a €130 (passe) > programação completa aqui