Turquesa, azul-marinho, azul-esverdeado, verde, amarelo, castanho, laranja, ocre. Trezentas e quarenta fotografias, distribuídas ao longo de 34 colunas, trazem para dentro do MAAT uma imagem pouco comum do rio Tejo, que corre a poucos metros do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia.
É A Cor da Água – Rio Tejo, peça central da exposição Mar Aberto, do fotógrafo francês Nicolas Floc’h, com curadoria de João Pinharanda.
Semelhante ao vitral de uma catedral ou a um enorme catálogo de pantones, a obra faz um retrato único e irrepetível das águas que, na primavera e verão de 2021, corriam entre Castanheira do Ribatejo e o Bugio.
A convite do museu, Floc’h fotografou 95 km de rio, recorrendo apenas à luz natural, algo que lhe permitiu mostrar, nas imagens captadas em grande angular, exatamente o que se vê quando se mergulha até cerca de 200 metros de profundidade, “só cor”.
A trabalhar a cor da água em rios e oceanos desde 2016, o artista explica que esta “provém de elementos minerais e orgânicos” como sedimentos, rochas, ferro ou mesmo florestas subaquáticas.
A obra exposta no MAAT, na qual cada coluna representa um mergulho realizado de 2,7 km em 2,7 km, possui um espetro cromático que vai do castanho, típico das águas pouco profundas e turbulentas, ao azul, passando pelo verde, resultante da entrada de luz abundante na zona da foz, que permite a fotossíntese de certos organismos.
“Parece pintura, pode até parecer que é abstrato, mas é fotografia de paisagem. É um jogo que usa diferentes meios para retratar a História do planeta onde vivemos”, comenta o artista, sublinhando que, pela primeira vez na série A Cor da Água, elementos como fitoplâncton ou mesmo uma medusa são facilmente identificáveis nas fotografias.
Parece pintura, pode até parecer que é abstrato, mas é fotografia de paisagem. É um jogo que usa diferentes meios para retratar a História do planeta onde vivemos
Nicolas Floc’h, fotógrafo
Além do mural colorido, a exposição conta ainda com fotografias subaquáticas a preto-e-branco, realizadas na zona da Bretanha, em França, nos Açores, na bacia hidrográfica do Mississípi e no Japão.
Imbuídas de um caráter quase etéreo, imagens da atividade vulcânica submarina, de gargantas rochosas e de florestas de sargaços a perder de vista, capazes de competir, em beleza e mistério, com a mais exótica barreira de coral, imortalizam ecossistemas que, atualmente, se estão a alterar seis vezes mais depressa do que os terrestres.
Mar Aberto > MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia > Av. Brasília, Lisboa > T. 21 002 8130 > até 26 ago, seg, qua-dom 10h-19h > €11