Há uma questão para a qual os comissários de Identidades Partilhadas, Joaquim Oliveira Caetano, diretor do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), e Benito Navarrete Prieto, professor catedrático de História da Arte na Universidade Complutense de Madrid, chamam de imediato a atenção a propósito desta exposição. Aqui aborda-se pela primeira vez a presença da pintura espanhola em Portugal e esse intercâmbio artístico entre os dois países.
Constituída por 82 obras, provenientes de museus, igrejas e fundações, a mostra distribui-se por oito salas num circuito que leva a conhecer as grandes correntes da pintura espanhola e alguns dos seus mais emblemáticos representantes – por exemplo, Luis de Morales, pintor espanhol do séc. XVI que tinha a sua oficina em Badajoz e recebia encomendas de Elvas, Évora e Portalegre, Vasco Pereira Lusitano, pintor português sediado em Sevilha, do qual se apresentam quatro obras importantes, e também Francisco de Zurbarán ou Bartolomé Murillo, dois expoentes da pintura espanhola, numa cronologia que vai do século XIV ao início do século XX.

“Foi uma ocasião única que permitiu estudar este património com os nossos colegas espanhóis e possibilitou, por exemplo, novas atribuições, estudos, conhecimento mais atualizado sobre todas as obras, juntamente com tarefas de conservação e restauro feitas de propósito para a mostra com a ajuda dos mecenas La Caixa e BPI, sem os quais esta não seria possível,” explica o diretor do MNAA.
Algumas destas obras são mostradas ao público num museu pela primeira vez. A Santa Face de Cristo, de El Greco, por exemplo, “aqui pode ver-se como deve ser”, diz Joaquim Oliveira Caetano, referindo-se à localização habitual da peça, “metida no fundo da capela de D. Maria Pia no Palácio Nacional da Ajuda, onde se vê ao longe e com alguma dificuldade.”

Destaque, ainda, para uma pintura de São Sebastião agora atribuída a Zurbarán, um conjunto notável de pinturas trazidas da Igreja de São Domingos de Benfica encomendadas a Vincenzo Carducci (1576-1638) e restauradas para a exposição ou os painéis que pertenceram ao desaparecido retábulo-mor da Catedral de Nossa Senhora da Assunção, em Elvas.
Identidades Partilhadas > Museu Nacional de Arte Antiga > R. das Janelas Verdes, Lisboa > T. 21 391 2800 > até 30 mar, ter-dom 10h-18h > €5