Em frente ao hotel Ritz, em Lisboa, a Galeria Belard representa dez artistas nacionais e internacionais, “de gerações e contextos muito diferentes”, unidos por uma arte, na sua maioria, figurativa.
“Queria devolver às pessoas a possibilidade de terem uma experiência artística que transcendesse o verbo, a palavra, o pensamento linguístico, que, no fundo, são a base da arte conceptual”, explica Catarina Mantero, fundadora desta nova galeria dedicada à arte contemporânea.
Com apenas sete meses de vida, a Belard já deu provas de conseguir concretizar o objetivo a que se propôs.
Patente até agosto, VOLTERRA, Portraits of Local People, mostra curada por João Silvério, expõe registos inéditos, captados pelo fotógrafo Eurico Lino do Vale, em 1997, durante uma viagem entre Dusseldorf e Volterra, em Itália.
A exposição inaugural, em novembro de 2022, juntou obras de Tania Alvarez, Joana Galego, Zoë Sua Kay, Kathryn Goshorn, Mariana Horgan, Ana Jacinto Nunes, Eurico Lino do Vale, Alex Merritt, Mafalda d’Oliveira Martins e Jorge Vascano, que interpretaram a figura humana através de materiais tão diversificados como o tecido, o óleo, a madeira, a cerâmica ou o bordado.
Em março passado, a pintora neozelandesa e portuguesa, Zoë Sua Kay, apresentou, numa exposição a solo, um conjunto de pinturas hiper-realistas subordinadas à temática do mar e da relação que os portugueses têm com ele.
“Mais do que técnica, queria encontrar contadores de histórias que absorvessem a vida e a devolvessem ao mundo, expressando-se através da matéria, na tela”, comenta Mantero. E foi precisamente este “viver através da tela” a atitude que acabou por orientar todo o percurso profissional da galerista.
Da criança que “estava sempre enfiada na sala de arte, até à hora de almoço,” e que precisava de “pintar para existir”, Catarina passou à jovem adulta que trocou a carreira de comunicação e marketing por uma licenciatura em Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL) e um mestrado na New York Academy of Art (NYAA).
Na FBAUL, aprendeu “a colocar perguntas e a ver para lá da norma” e de Nova Iorque trouxe “múltiplas técnicas de pintura”, bem como “uma noção muito mais consciente de como funciona o mundo da arte”.
A realidade que encontrou, ao regressar a Lisboa, em 2020, pareceu-lhe incompleta. Após ter-se questionado “de que forma é que a pintura, o desenho e a escultura se reinventam hoje”, chegou à conclusão que a peça que faltava poderia ser uma galeria onde a arte figurativa ganhasse novo fôlego e fosse mostrada ao público português como algo que não tem de pertencer ao passado.
“Artista é quem eu sou e vou ser até morrer, mas acredito de tal maneira na Arte que queria impactar esse mundo ainda com mais força, fazendo a ponte entre colecionadores e artistas, emergentes e não só”, explica Catarina.
Para os próximos tempos, a Galeria Belard tem vários planos, contando com uma programação que prevê, a cada dois meses, a inauguração de uma nova exposição, individual ou coletiva, com artistas da casa e convidados.
Galeria Belard > R. Rodrigo da Fonseca, 103 B, Lisboa > @galeriabelard > ter-sáb 10h-19h > grátis