1. Allora & Calzadilla, Museu de Serralves
Intitula-se Entelechy (Enteléquia), a exposição de Jennifer Allora (norte-americana) e Guillermo Calzadilla (cubano) no Museu de Serralves e que reúne obras de duas décadas desta dupla de artistas, ambos a viverem em Porto Rico. Algumas dessas obras, pedem a interação do público. É o caso de Hope Hippo (2005), no átrio: a escultura de um hipopótamo à escala real sobre a qual alguém se senta a ler o jornal, apitando um assobio sempre que lê uma notícia sobre corrupção. “É um antimonumento”, originalmente encomendado para a 51ª Bienal de Veneza, que “subverte a ideia do monumento histórico, em particular as estátuas equestres” presentes naquela cidade italiana, descreve a curadora Inês Grosso.
Além de oito filmes, há outras obras a ter em conta: Stop, Repair, Prepare... (2008), um piano de cauda do início do século XX, onde um pianista toca (às 15h) o quarto andamento da 9ª Sinfonia de Beethoven; ou aquela que dá nome à exposição, Entelechy, uma escultura gigante em carvão, feita a partir de uma árvore, derrubada por um raio, encontrada na floresta de Montignac, em França, com música de David Lang. No Parque da Cidade, está Chalk (1998), um conjunto de 12 paus de giz que interagem com o público, feita originalmente como protesto contra a ditadura de extrema-direita no Peru. R. D. João de Castro, 210, Porto >T. 22 615 6500 > até 12 nov, seg-sex 10h-19h, sáb-dom 10h-20h > €11
2. As Casas – Aurélia de Souza, de Rui Pinheiro, Museu Nacional Soares dos Reis
As pinturas de Aurélia de Souza (1866-1922), autora do célebre autorretrato com casaco vermelho, assentam nas paisagens naturalistas, mas também no realismo do retrato, muitas vezes associado à figura feminina e a cenas íntimas do quotidiano doméstico.
No Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR), muitas dessas telas preservadas há décadas em coleções privadas, algumas nunca reproduzidas em catálogo, e que só mesmo os proprietários e o seu círculo próximo terão podido apreciar, mostram-se no lugar onde habitam (casas privadas) através de mais de 30 fotografias, da autoria de Rui Pinheiro.

Foi graças à tarefa de localizar, catalogar e fotografar toda a obra de Aurélia de Souza para o catálogo raisonné que foi lançado um apelo a todos os proprietários para dar a conhecer as obras da pintora portuense. Dada a dimensão e o facto de grande parte destas obras não estarem em espaços institucionais, o MNSR optou por levar uma equipa a casa de cada colecionador. Essa circunstância acabou por gerar, de certa forma, este trabalho de autor.
“Apenas fiz os ambientes onde estão as obras. Temos os originais, as casas, e as peças onde as obras habitam”, explica o fotógrafo Rui Pinheiro. Além de permitir “ver de uma forma sequenciada e dentro de um contexto”, a fotografia acrescenta “um lado documental, algo de novo”, continua o fotógrafo, que vê neste seu trabalho “uma oportunidade única, e um privilégio” ao entrar no lugar onde a obra está exposta. S.S.O. R. de Dom Manuel II, 44, Porto > T. 22 339 3770 > até 27 ago, ter-dom 10h-18h > €5, dom e feriados 10h-14h grátis
3. A Quem Possa Interessar: Uma Coleção, Uma Carta, Museu de Serralves

Ainda no exterior, no corredor de acesso ao Museu de Arte Contemporânea de Serralves, leêm-se na parede algumas citações do artista conceptual norte-americano Lawrence Weiner (1942-2021): “Já não está lá”; “Em Direção ao Fim do Princípio”; “Sem Utilidade”… As frases são parte integrante da exposição A quem possa interessar... que reúne parte da Coleção do antigo Banco Privado Português, adquirida pelo Estado Português e depositada na Fundação de Serralves.
Na sala central do museu, com as paredes pintadas de verde e roxo inspiradas nos salons de pintura do século XIX, construiu-se uma exposição como se fosse uma carta – o título é “a saudação formal empregue pelo remetente quando a identidade do destinatário é desconhecida”, explicam os curadores Ricardo Nicolau e Isabel Braga. Aí se mostram mais de uma centena de trabalhos (111 de 40 artistas, desde 1962) das 385 que compõem a coleção de arte. Há obras dos portugueses Helena Almeida, Ângelo de Sousa ou Pedro Casqueiro; e de artistas internacionais, como os alemães A.R. Penck, Martin Kippenberger e Rosemarie Trockel, a sul-africana Marlene Dumas, os norte-americanos Alex Katz e Sol LeWitt ou, entre outros, o suíço Jean Tinguely. R. D. João de Castro, 210, Porto >T. 22 615 6500 > até 5 nov, seg-sex 10h-19h, sáb-dom 10h-20h > €11
4. Bienal de Fotografia do Porto, vários locais

Até 2 de julho, sob o tema “Atos de Empatia”, a Bienal de Fotografia do Porto (participam 70 artistas e 14 curadores de 27 países) reflete sobre a sustentabilidade e a ideia de comunidade em 16 exposições espalhadas pela cidade. “O que nos move é desafiar as pessoas a pensar a sua relação com o mundo, no sentido de ativar mudanças socio-ecológicas regeneradoras”, sustenta Virgílio Ferreira. Esta terceira edição da Bienal de Fotografia do Porto, diz o diretor artístico, foca-se “no trabalho com a comunidade e no lugar do outro”, e em “resgatar a capacidade de nos mobilizar a nivel individual e coletivo” através de trabalhos em fotografia, vídeo e instalação. Além do Centro Português de Fotografia, há exposições na Estação de Metro de S. Bento, Palacete Viscondes de Balsemão, Casa Comum, Mira Fórum, Pavilhão de Exposições da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Museu do Vinho do Porto, entre outros. Vários locais do Porto > até 2 jul > grátis > bienalfotografiaporto.pt
5. Retrospetiva de Paulo Mendes da Rocha, Casa da Arquitectura

Em Matosinhos, a Casa da Arquitectura dedica duas exposições ao arquiteto brasileiro, Paulo Mendes da Rocha (1928-2021): a maior, na nave principal, Geografias Construídas: Paulo Mendes da Rocha, abrange sete décadas de trabalho do Pritzker 2006 através de 12 obras fundamentais, como o Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, a Pinacoteca do Estado de São Paulo ou o Museu Nacional dos Coches, em Lisboa. Na Galeria da Casa, em Para Além do Desenho, é apresentada a visão do arquiteto sobre o mundo. Em 2019, Paulo Mendes da Rocha doou o seu acervo à Casa da Arquitectura. Av. Menéres, 456, Matosinhos > T. 22 766 9300 > até 25 fev, ter-sex 10h-19h, sáb, dom e fer 10h-18h > €8, €4 (Galeria da Casa)
6. A Bem da Nação (1929-1969), Casa do Cinema Manoel de Oliveira

Primeiro momento do ciclo de exposições intitulado Manoel de Oliveira e o Cinema Português, que pretende desvendar o arquivo de mais de 80 anos de trabalho do realizador português, que tem vindo a ser pesquisado e analisado no seu depósito na Fundação de Serralves. A Bem da Nação, expressão do tempo do fascismo em Portugal, apresenta pela primeira vez a totalidade do arquivo do cineasta, sobretudo, nos primeiros 40 anos de trabalho. Com curadoria de António Preto e João Mário Grilo, a exposição tem como pano de fundo os factos, as figuras e os filmes que, ao longo de quatro décadas (1929 a 1969), marcaram o trabalho do realizador como as produções de Douro, Faina Fluvial (1931) ou Aniki-Bóbó (1942). Um ciclo de conversas e a exibição de filmes acompanham a exposição. Parque de Serralves > R. D. João de Castro, 210, Porto > T. 22 615 6500 > até 3 set, seg-sex 10h-19h, sáb-dom 10h-20h > €11
7. “#Slow #Stop…#Think #Move“, Culturgest Porto

Com curadoria de Ana Anacleto, a coletiva com 50 obras de mais de 20 artistas teve início em Lisboa, na Fidelidade Arte, com obras que procuravam “resgatar a ideia de contemplação e de relação lenta e desacelarada”. Na Culturgest Porto, a curadora e artista continua esta reflexão debruçando-se “sobre as ideias de pensamento, de movimento e de ação, num contexto de promoção da ausência, do deslocamento e do retorno a determinadas práticas que implicam uma atenção também ela demorada, dirigida e presente.” A exposição #Slow #Stop… #Think #Move conta com obras de, entre outros, Alisa Heil, André Sousa, Carlos Gentil-Homem, Dayana Lucas, Diogo Evangelista, Eduardo Batarda, Hugo Canoilas, Jorge Pinheiro, Pedro Barateiro, Pierre Huyghe, Sara & André, Tiago Baptista, ou Von Calhau!. Edifício CGD, Av. dos Aliados, 104, Porto > T. 22 209 8116 > até 10 set, ter-dom 13h-18h > grátis
8. Carla Filipe, Museu de Serralves

In My Own Language I Am Independente (assim mesmo, com palavras em inglês e em português) é o título da primeira exposição antológica de Carla Filipe (n. 1973). Nas galerias, no mezanino da biblioteca e no terraço do restaurante do Museu de Serralves, a artista portuguesa, natural de Vila Nova da Barquinha e a viver no Porto, mostra obras das últimas duas décadas, em que questiona a relação entre objetos de arte, cultura popular e ativismo. Inspirada na comunidade de trabalhadores ferroviários onde cresceu, Carla Filipe apropria-se de sinais urbanos, grafítis e anúncios políticos de uma era pré-digital, para abordar “noções de território, trabalho, propriedade, memória, identidade e representação”. R. D. João de Castro, 210, Porto > T. 22 615 6500 > até 10 set, seg-sex 10h-19h, sáb-dom 10h-20h > €11
9. Para Aurélia: Desenhos de Fuga, Museu do Porto – Casa Museu Marta Ortigão Sampaio

No dia de aniversário de Aurélia de Souza (13 junho), nascida no Chile em 1866, a Casa Museu Marta Ortigão Sampaio deu a conhecer. pela primeira vez, dois cadernos de desenho da artista e pintora, ainda no âmbito da celebração do centenário da sua morte. O desafio foi feito a duas artistas da cidade, a portuense Ana Allen e a coreana Jiôn Kiim, para, a partir desses cadernos, ligarem memória e futuro. “Dois cadernos de desenhos, um de registo mais fragmentário e etéreo, que apresenta 41 desenhos, elaborados entre 1892-1894, outro álbum de desenho com maior dimensão desenvolvido na Académie Julian – ao tempo uma das mais importantes escolas de arte de ensino particular em Paris, com ênfase no desenho – composto por 30 desenhos elaborados entre 1900 e 1901 que representam estudos anatómicos, sem fronteiras de género”, descrevem as curadoras Cristina Regadas e Rita Roque. R. N. Senhora de Fátima, 299, Porto > até 28 jan 2024 > ter-dom 10h-17h30 > grátis