2022 foi ótimo, 2023 vai ser ainda melhor”, prometia o diretor do Museu de Serralves, Philippe Verge, nesta quarta, 25, no início da apresentação da programação para os próximos meses. Já antes, a presidente da administração da Fundação de Serralves, Ana Pinho, tinha feito um balanço do ano passado com “resultados bastante positivos”, destacando a entrada de 24 novos fundadores como mecenas da instituição (no total, 145 só nos últimos sete anos) – além de o museu de arte contemporânea ter sido considerado um dos melhores da Europa.
O centenário do Parque de Serralves, a abertura da nova ala do Museu, ou a exposição a partir do depósito em permanência da antiga coleção do Banco Privado Português, são apenas alguns dos destaques para este ano, sob o lema “Onde o futuro se cruza com a memória”. Traçamos-lhe um resumo do que não pode perder num “ano desafiante”, como o considerou Ana Pinho.
As exposições do Museu
Carla Filipe será a protagonista da primeira exposição deste ano, em março, numa antológica que reunirá cerca de duas décadas de trabalho da artista que recorre a sinais urbanos, graffitis ou anúncios políticos de uma era pré-digital. A partir de abril, a mostra dialoga com as obras da dupla do norte americano Jenniffer Allora e do cubano Guillermo Calzadilla (a viverem em Porto Rico), cujos trabalhos relacionam história, cultura e geopolítica, numa exposição em estreia na Europa. Na primavera, deverá inaugurar a exposição Ao cuidado de…, com obras da antiga coleção do Banco Privado Português, entregues em permanência pelo Estado Português à Fundação de Serralves.
No verão (a partir de junho), as esculturas de Alexander Calder (1898-1976) viajam do Centre Georges Pompidou (Paris) para o Parque e Casa de Serralves, onde vão dialogar com as obras de Joan Miró. A Balancing Line – Uma Linha em Equilíbrio mostrará obras de um dos escultores mais influentes do século XX, entre as quais, um grupo de mobiles de 1940 e esculturas monumentais como Les Trois Ailes (1963).
Em outubro, inaugura A Arquitetura segundo Dan Graham, uma encomenda do Museu de Serralves ao artista norte-americano entretanto falecido em fevereiro de 2022. A exposição apresenta o trabalho de oito arquitetos que Dan Graham considerava significativos através de desenhos originais, maquetas ou fotografias. No último trimestre do ano, chegam as exposições da canadiana Kapwani Kiwanga (cruza escultura, instalação, fotografia, vídeo e performance) e da indiana Dayanita Singh, conhecida pelos seus retratos da classe média e da elite urbana da Índia.
Na programação de arte contemporânea, destaque ainda para a exposição (em junho) do fotógrafo português António Júlio Duarte e do artista visual sul-americano, Oscar Murillo (em novembro).
Abertura da nova ala do Museu
Num projeto de Álvaro Siza, a nova ala do Museu de Arte Contemporânea de Serralves deverá ficar concluída em junho, embora a sua abertura ao público deva acontecer só a partir de setembro. Situada a poente do Museu (vai chamar-se, por isso, Edifício Poente) permitirá acolher em permanência toda a Coleção de Serralves (cerca de 4 500 obras), acrescentando 40% à área expositiva e 70% à área destinada às reservas, e terá uma área dedicada à arquitetura. “Este edificio foi pensado de forma eficiente e responsável, está ligado ao museu através de uma ponte, o que permite uma operação com menores custos, respeitando a paisagem envolvente”, sublinha Ana Pinho. O Edifício Poente inaugurará com duas exposições: Museu-Musa, dedicada a Álvaro Siza que explora a relação do arquiteto com os espaços museológicos; e Histórias Anagramáticas, dedicada à Coleção de Serralves.
Os 100 anos do Parque
A criação de um laboratório de biologia e comunicação de plantas, direcionado para a comunidade escolar, será uma das novidades no ano em que se assinalam os 100 anos do Parque de Serralves (projeto do arquiteto francês Jacques Gréber), classificado como Monumento Nacional. Mas haverá outras boas-novas na área da conservação: depois da recuperação do roseiral e da construção da Casa dos Jardineiros (projeto de Álvaro Siza), será criada uma nova estufa (mais inclusiva), reabilitado o lago e melhorados os jardins das aromáticas. O centenário do Parque será celebrado, sobretudo, com uma grande exposição a partir de outubro que, durante um ano, cruzará o seu contexto histórico com o atual, fazendo a ponte com outros parques urbanos do mundo.
Cinema
Na Casa do Cinema Manoel de Oliveira destacam-se duas grandes exposições, com os respetivos ciclos de cinema: A Bem da Nação 1929-1969, sobre Manoel de Oliveira e o cinema português, construída a partir do arquivo do cineasta; e uma retrospetiva dedicada à dupla Danièle Huillet e Jean-Marie Straub (1933-2022).
Performances, música e o regresso de “Serralves em Festa“
Um ciclo dedicado à coreógrafa Vera Mantero (de janeiro a outubro), a música eletrónica de Mika Vainio (nov), o Jazz no Parque (em julho), o regresso do Serralves em Festa (2-4 jun), que não se realiza desde 2019, a Festa de Outono, são outros destaques na agenda a somar às dezenas de oficinas para crianças e famílias.
CALENDÁRIO DE EXPOSIÇÕES
Carla Filipe > mar-set
Allora & Calzadilla > abr-out
Ao Cuidado de …, coleção BPP > abr-out
Miró & Calder > jun-dez
António Júlio Duarte > jun-nov
Museu-Musa e Histórias Anagramáticas (Edifício Poente) > a partir set
A Arquitetura segundo Dan Graham > out-abr 2024
Kapwani Kiwanga > out-abr 2024
Oscar Murillo > nov-maio 2024
Dayanita Singh > nov-mai 2024
Manoel de Oliveira e o Cinema Português > mar-set (Casa do Cinema Manoel de Oliveira)
Retrospetiva Straub-Huillet > set-dez (Casa do Cinema Manoel de Oliveira)