Inaugurada a 8 de setembro, a Ostra é um lugar “que tem de ser para os artistas e os curadores se divertirem a mostrar trabalho”, nas palavras do fundador, o escultor Bartolomeu Santos. Neste “outro lado da cidade”, Bartolomeu quer “proteger a cultura e dar um lugar a artistas portugueses e estrangeiros para exporem”.
O artista inaugurou o espaço com Oubliette, uma exposição a solo inspirada no esquecimento, com curadoria de Carolina Pelletier Fontes e produção de Zé Ortigão, na qual apresenta um corpo de trabalho desenvolvido ao longo do último ano e que estará patente até dia 13 de outubro. Na Idade Média, uma Oubliette era uma pequena masmorra escura, onde os prisioneiros eram abandonados e deixados ao esquecimento em completa solidão.
Longe da tortura medieval, mas sediada na procura de intensidade, a Oubliette de Bartolomeu Santos é resultado do seu percurso no último ano de trabalho. Um caminho introspetivo de contínua revisitação artística,ao longo do qual acabou por mudar o uso das esponjas como ferramenta de pintura para a encará-las como obras de arte em si mesmas. “Foi um passo que desbloqueou as minhas ideias para sempre”, sublinha.
Sete esponjas de tonalidades rosa absorvem a cor como a alma do artista tem absorvido a realidade que o rodeia. São expressão de contensão num mundo ruidoso, que nem sempre conseguimos controlar. “Gosto de trabalhar no caos, perto das coisas. Mas tenho consciência que é preciso saber quando controlar esse caos e quando libertá-lo”, confidencia o artista.
É esta dicotomia entre caos e ordem que acaba por ganhar forma nas esponjas contidas em paralelepípedos de acrílico, expostas nas três ‘câmaras’ da Ostra. Há um caos feito de manchas de tinta, cor e outros materiais, que vão do acrílico ao betume da Judeia, tinta de vitral e tinta de ardósia, emparedado em limites transparentes.
São pequenas porções de vida contidas em caixas transparentes, momentos de caos vividos no atelier e congelados para sempre, como se de fotografias em três dimensões se tratasse.
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