Daciano da Costa (1930-2005) considerava o design “uma estética da ética”, lê-se no livro Design e Mal-Estar (Porto Editora, 1998). O arquiteto, designer, professor e pintor foi figura incontornável, um denominado “pai do design português”, trazendo para o espaço público as questões sobre a forma, a função e o diálogo espacial, amplamente discutidas lá fora – mas a que Portugal permanecia, então, algo surdo. Tendo deixado a sua assinatura em espaços como a Fundação Calouste Gulbenkian, Biblioteca Nacional, Casino do Estoril, Centro Cultural de Belém ou Casa da Música, ele foi o autor das primeiras peças de design português feitas em série – caso do mobiliário para escritório produzido na Metalúrgica da Longra, nos anos 1960, a que se juntaram mais criações: a célebre cadeira Alvor, de 1966, cerâmicas, tapetes, acessórios em materiais nobres, corpos gráficos… Daciano da Costa é, recorde-se, um dos poucos portugueses a figurar nas coleções do MoMa e do Centre Pompidou.

Vinte e um anos após a mostra Daciano da Costa Designer, organizada pela Gulbenkian, esta exposição inédita, comissariada por Brimet Silva e por Susana Chasse, é uma homenagem ao “melhor designer português, aquele que ligava a teoria à prática”, recordando a materialização das suas ideias em objetos modernistas de diferentes escalas, que estabelecem um rigoroso diálogo entre o espaço arquitetónico e os objetos. Patentes estão desenhos, fotografias, móveis e modelos originais e reeditados, a que se junta a projeção do documentário Daciano da Costa, Da Forma no Espaço ao Espaço da Forma, de sete minutos, da autoria dos comissários e de João Silva. Sublinhando a colaboração de Inês Cottinelli, filha de Daciano e responsável pelo programa de reedições das suas obras, Brimet Silva afirma que “é revolucionária a mudança para um homem-marca, sobrepondo-se à centralidade antes assumida pela indústria”. E vai mais longe: “Nessa linha, os designers portugueses estão, hoje, a fazer uma grande revolução, substituindo-se à indústria no controlo criativo e no movimento de internacionalização.” Daciano da Costa volta, pois, a ser pioneiro.
Em 2019, foi inaugurada em Lisboa (na Rua Arriaga, 2) a Galeria Daciano da Costa, uma porta aberta para a reedição e comercialização de peças de mobiliário e objetos do designer, ressuscitados para a vivência contemporânea.
Daciano da Costa Designer > Clink > R. do Rosário, 84, Lj 17, Porto > T. 91 898 8888 > 19 fev-30 abr, seg-sex 14h-20h, sáb 11h-20h > grátis