“Foi uma necessidade, porque estamos numa altura em que precisamos de rir-nos, de espairecer.” É desta forma que Hugo Franco justifica a encenação da comédia escrita pelo britânico Alan Ayckbourn, que traz agora ao palco do Teatro da Comuna. “As pessoas estão todas atónitas com a pandemia, com o trabalho, com pôr os miúdos na escola.”
Tudo É Relativo é uma comédia de enganos. Em cena, estão duas personagens, que contam uma história. Entra uma terceira personagem, que encaixa a sua narrativa sem saber da história prévia. Segue-se um jogo de tropelias e mal-entendidos, um enredo feito de uma sucessão de enganos, com efeito de bola de neve. “Nesta história, existem dois casais. Um deles vai casar-se e no segundo, mais velho, estão fartos um do outro. A jovem diz ao noivo que tem de ir visitar os pais para lhes contar que vai casar. Mas, em vez de ir à casa dos pais, vai à casa do amante, para lhe dizer que quer acabar a relação porque encontrou uma pessoa de quem gosta.” Ao descobrir a morada, o noivo antecipa-se-lhe e vai à casa do amante, que pensa ser dos pais dela, para lhe fazer uma surpresa.
“Alan Ayckbourn tem muito este imaginário dos casais que se enganam, ou não enganam, e depois não se percebe muito bem o que vai acontecer a seguir. Este foi o primeiro êxito dele.” Tudo É Relativo estreou em 1963 em Scarborough, North Yorkshire, e dois anos mais tarde em West End, a zona de teatros de Londres. “Ayckbourn diz uma coisa muito interessante sobre este espectáculo: ‘fiz esta peça com a certeza de que, mesmo que os atores sejam maus, as pessoas vão rir-se na mesma’. É uma piada. Disse isto aos meus atores e começámos logo todos a rir, claro.”
Tudo é Relativo > Teatro da Comuna > Pç. de Espanha, Lisboa > T. 21 722 1770 > até 18 jul, qua-sáb 19h, dom 16h > €6-€10