A capacidade de colocar toda a gente com vontade de dançar, sem nunca perder uma linha estética (e até ética) na sua música, sempre foi uma das imagens de marca de Moullinex, alter-ego musical de Luís Clara Gomes, um dos mais celebrados artistas da cena eletrónica lisboeta, da qual foi um dos impulsionadores, em parceria com Xinobi, com a criação da editora Discotexas. Desta vez, porém, o exercício é feito ao contrário, com um disco recém-lançado que se revela um notável exercício de melancolia musical, fruto de um período de introspeção pessoal, durante o qual “a composição acabou por funcionar como terapia”, como o próprio revelou à VISÃO.
Requiem for Empathy, assim se chama, assenta que nem uma luva à luz que finalmente se antevê no fundo do túnel, depois de ano e meio de confinamento. O disco já estava pronto quando tudo começou, em março do ano passado, mas para evitar confusões decidiu-se adiar o lançamento. “Apesar de não ter nada a ver, pareceu-me demasiado premonitório em relação à pandemia, e preferi esperar até começar a existir alguma claridade no meio de tanta escuridão”, explica. Também o álbum é feito deste jogo entre luz e sombras, num contraste marcado pela frieza dos sintetizadores e pelo calor das vozes de gente como GPU Panic, Ekstra Bonus, Sara Tavares, Selma Uamusse e Afonso Cabral, que primeiro nos faz querer ouvir e só depois, como sempre, dançar. Nem que seja sem sair do lugar, como decerto acontecerá nestes concertos de apresentação do disco, “mais contemplativos”, que contarão, segundo o músico, “com uma forte componente visual”.
Moullinex Requiem for Empathy > Culturgest > R. Arco do Cego, 77, Lisboa > T. 21 790 5155 > 4-5 jun, sex-sáb 21h > €17 > Casa da Música > Av. da Boavista 604-610, Porto > T. 22 012 0220 > 9 jun, qua 19h30 > €17