Promover a consciencialização política e social, sobretudo das gerações mais jovens, é o objetivo do Festival Política que está de volta ao Cinema S. Jorge entre esta quinta, 22, e domingo, 25. O programa desta 5ª edição conta com cerca de 20 atividades gratuitas que terão como fio condutor o tema Fronteiras. “Pensamos no termo de forma muito lata, não são só as fronteiras físicas, são também as fronteiras mentais, psicológicas e as que existem dentro das nossas próprias cidades”, refere o diretor artístico do festival, Rui Oliveira Marques.
Devido ao contexto de pandemia, este ano o Festival apresenta uma edição híbrida, com sessões presencias e outras online, todas legendadas em Língua Gestual Portuguesa. As atividades presencias têm lotação limitada e estão sujeitas ao levantamento de bilhetes no Cinema São Jorge no próprio dia. Destacamos cinco momentos a não perder.
1. Entrevista com o sociólogo Tiago Santos (presencial)
O Festival tem início nesta quinta-feira, 22, às 16h30, com uma entrevista a Tiago Santos, na Sala Manoel de Oliveira, conduzida pelo projeto Fumaça. O sociólogo é fundador e presidente do Númena – Centro de Investigação em Ciências Sociais e Humanas, e vai falar acerca dos estrangeiros que estão detidos em Portugal – em 2019, perfaziam cerca de 15% do total de reclusos no nosso país. “Trata-se de um espaço de debate e reflexão que vai permitir esclarecer o público acerca das estruturas de desigualdade, de exclusão social, da estigmatização e do racismo presente na associação entre os estrangeiros e o crime”, salienta Rui Oliveira Marques, diretor artístico do festival.
2. Cara-a-cara com os Deputados (online)
Nesta 5ª edição, repete-se o Cara-a-cara com os Deputados. A iniciativa acontece nesta sexta, 23, às 17h, por videoconferência, e visa promover o encontro entre cidadãos e deputados representantes dos vários partidos eleitos para a Assembleia da República. Como refere Rui Oliveira Marques, “as pessoas devem ser mais atentas, intervenientes e críticas. Não faz sentido queixarem-se nas redes sociais. Com este festival temos como objetivo agitar mentes e promover o debate, mas sobretudo que as pessoas participem e discutam”. Os interessados devem inscrever-se através do e-mail participa.politica@gmail.com. Posteriormente, terão a possibilidade de, individualmente e durante cinco minutos, colocar as questões que desejarem relacionadas com o tema do Festival aos deputados.
3. Sessões de cinema
Durante os quatro dias de festival vão ser exibidos 18 filmes. O grande destaque vai para a antestreia em Portugal do documentário romeno Collective, de Alexander Nanau, que recebeu o prémio de melhor documentário nos European Film Awards 2020 e está nomeado para os Oscares 2021, nas categorias de melhor documentário e melhor filme estrangeiro. O filme, exibido nesta quinta, 22, às 18h30, recupera a história do incêndio na discoteca Coletiv de Bucareste, em 2015.
Haverá ainda oportunidade para ver Encara Hi Ha Algú Al Bosc, de Teresa Turiera-Puigbò (22 abr, qui 17h, Sala 3). O filme catalão revela a história de várias mulheres que foram violadas na guerra dos Balcãs, e dos respetivos filhos, hoje adultos que, 25 anos depois, estão a ter consciência da sua história. Já Chelas nha Kau (23 abr, sex 19h30, Sala 3) é protagonizado por jovens da Zona J, em Chelas, que dão a conhecer este bairro lisboeta, bem como os preconceitos que lhe são associados, por quem vive fora dele. No domingo, 25, às 11h, a sessão será dedicada aos nacionalismos e à ascensão da extrema direita, com dois filmes também na Sala 3: My Country So Beautiful, de Grzegorz Paprzycki, sobre o nacionalismo na Polónia; e We are Russia, de Alexandra Dalsbaek, sobre as eleições presidenciais de 2018 na Russia.
4. Espetáculos (presencial)
Os espetáculos apresentados no festival são criações inéditas, resultado de um desafio lançado a artistas, criadores e ativistas para que, a partir do tema Fronteiras, criassem uma obra original “para agitar consciências, para levar as pessoas a pensar em coisas que não prestam a devida atenção”, explica Rui Oliveira Marques.
Nesta sexta, 23, às 19h15, José Anjos (voz e instrumentos) e Valério Romão (voz) apresentam Homens que são como fronteiras invadidas. Nesta peça, os autores deram destaque ao confinamento e à forma como as casas permitiram que se estabelecessem uma espécie de fronteiras.
Já nesta quinta, 22, às 18 horas, tem lugar o solo Fronteiras, do ator e encenador André Murraças, que aborda a ideia de fronteira no âmbito das grandes migrações mundiais, seja dos portugueses que saem do país, seja as migrações no contexto do Mar Mediterrâneo. A destacar, ainda, Humor, discriminações e direitos humanos, de Carlos Pereira, um espetáculo de humor que assume um tom diferente para tratar as questões do racismo e direitos humanos, no sábado, 24, às 11h.
5. Workshops (online)
Em contexto de pandemia, o 5º Festival Política tem também marcadas atividades em formato virtual. É o caso dos dois workshops agendados. No sábado, 24, às 18h30, decorre O que é a Democracia e como posso participar?. A sessão explora os mecanismos de participação na vida pública, como as petições, o processo legislativo, o contacto com os partidos e grupos parlamentares, Provedoria de Justiça, entre outros. Já no domingo, 25, às 18 e 30, tem lugar um workshop de escrita criativa, a partir de Enciclopédia dos Migrantes, livro que reúne 400 cartas, redigidas em várias línguas. A participação requer inscrição através do email participa.politica@gmail.com.
Depois de Lisboa, o Festival Política segue para Braga, onde decorre de 6 a 8 de maio, no Centro de Juventude de Braga.
Festival Política > Cinema S. Jorge > Av. da Liberdade, 175, Lisboa > T. 21 310 3400 > 22-25 abr, qui-dom > horário da bilheteira: qui-dom, a partir das 16h até ao início da última sessão > facebook.com/festivalpolitica > grátis