Pela primeira vez, o Cinanima decorre online. Nesta 44ª edição, ainda chegaram a estar previstas sessões ao vivo, mas a organização do Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho decidiu cancelar a componente presencial devido ao atual contexto da pandemia. Com 300 filmes disponíveis para ver na internet (um bilhete único, no valor de €7, permitirá assistir a todas as sessões até domingo, 15), o programa do Cinanima divide-se entre obras a concurso, nas várias categorias de curtas e longas-metragens, e retrospetivas.
Este ano, o festival presta homenagem ao realizador checo Jirí Trnka, que se destacou na história da animação de marionetas, apresenta uma retrospetiva da obra da cineasta e pintora francesa Florence Miailhe e assinala os 75 anos do fim da II Guerra Mundial. Eis cinco filmes a não perder.
1. Elo, de Alexandra Ramires
O filme Elo, primeira obra da cineasta portuguesa Alexandra Ramires, que venceu já este ano o Hugo de Ouro, prémio principal de curtas-metragens de animação na última edição do Festival Internacional de Cinema de Chicago, nos EUA, integra a sessão competitiva de curtas-metragens do Cinanima. A partir de desenhos em grafite, o filme explora o encontro de duas personagens que procuram adaptar-se para encaixarem nos padrões. Co-produzida pela portuguesa Bando à Parte, de Rodrigo Areias, e pela francesa Providences, esta curta mostra a união entre a beleza e o horror, recorrendo apenas a uma paleta de preto e branco. O argumento é de Alexandra Ramires e Regina Guimarães, a música de Nicolas Tricot.
2.As Velhas Lendas Checas, de Jirí Trnka
Ilustrador, cineasta e artesão de marionetas, Jirí Trnka (1912-1969) é uma das referências marcantes do cinema de animação checo, que será homenageado na 44ª edição do Cinanima. Ao contrário do que era habitual, as suas animações não se baseiam em desenhos, mas na técnica de stop-motion, através da qual modelos, como as marionetas, são posicionados e fotografadas para criar uma sequência e a ilusão de movimento. Em As Velhas Lendas Checas, realizado em 1952, Jirí reúne seis contos que envolvem heróis, rainhas e reis, inspirados num livro de Alois Jirásek sobre mitos checos. Através do movimento da câmara, luz, cenários, conceção de personagens e animação, o realizador cria “uma narrativa e visão poética” que fazem com que “este seja um dos filmes mais influentes da história da animação”, sublinha a organização do festival. Um clássico da década de 50, apresentado agora em versão restaurada.
3. Os Meus Pais Sobreviveram ao Holocausto, de Ann Marie Fleming
É o olhar das vítimas que se verá no ciclo que assinala os 75 anos do fim da II Guerra Mundial. Um dos filmes a não perder será Os Meus Pais Sobreviveram ao Holocausto (no original, I Was a Child of Holocaust Survivors Quartier), filme realizado por Ann Marie Fleming. Baseado no livro homónimo de Bernice Eisenstein, a cineasta japonesa explora com sensibilidade a identidade e o abandonar da ousada noção que “o holocausto é viciante e definidor.” Estreado em 2010, o filme tem a duração de 15 minutos.
4. Impunidade: Zero, de Nicolas Blies e Stéphane Hueber-Blies
Entre as quatro longas-metragens das sessões competitivas está Impunidade: Zero (no original, Zero Impunity), de Nicolas Blies e Stéphane Hueber-Blies, que integrou a seleção oficial em 2019 do Festival de Cinema de Animação de Annecy, em França. Um documentário animado que liga o jornalismo de investigação ao ativismo, com o intuito de acabar com a impunidade da violência sexual em conflitos armados. Apresentado como um dos maiores escândalos da nossa História, este retrato inclui depoimentos de vítimas que tiveram a coragem de quebrar o silêncio.
5. Gernika, de Angel Sandimas
Curta-metragem de animação que tem como ponto de partida a reconstrução em 3D do trabalho do pintor José Luís Zumeta e a música do compositor Mikel Laboa, sobre o bombardeamento da cidade de Guernica, a 26 de abril de 1936. A ideia surgiu com o objetivo de animar os elementos extraídos da pintura e acabou por ganhar forma de curta-metragem, com características documentais, realizada pelo espanhol Angel Sandimas. A projeção no Cinanima é também um tributo a José Luís Zumeta, que faleceu em abril deste ano.
Cinanima – Festival de Cinema de Animação de Espinho > Informações T. 22 733 1351 > Exibição de filmes em cinanima.kinow.tv > 9-15 nov, seg-dom > €7 (acesso a todos os filmes)