Um dia, quando perguntaram a Federico Fellini o que ele achava do cinema-verité, ele terá respondido: “Prefiro o cinema-mentira. A mentira é sempre mais interessante do que a verdade.” E, sem dúvida, Fellini descobriu caminhos, distanciando-se do neorrealismo italiano de Rossellini e de Visconti, em que ele próprio inicialmente se filiou, inundando o seu cinema com uma áurea de magia quase transcendente, etérea e intemporal.
Seis filmes marcantes de Fellini, em cópias restauradas, vão poder ser vistos ao longo deste verão, por iniciativa da Alambique, em Lisboa, Porto e Cascais. Não são todos os filmes mais importantes, mas é uma amostra significativa.
Ao ritmo de uma estreia por semana, o ciclo começa nesta semana com La Dolce Vita (1960), com grandes interpretações de Marcello Mastroianni e Anita Ekberg, que marca precisamente a transição do neorrealismo para o simbolismo. Segue-se, no dia 13, A Estrada (1956), em que, apesar de se enquadrar no neorrealismo italiano do pós-guerra, já há os elementos poéticos que caracterizam a linguagem do realizador, com uma lendária interpretação de Giulietta Masina. Dia 20, 8 1/2 (1963), para muitos considerada a obra suprema de Fellini, em que há uma desconstrução mágica do próprio cinema.
O ciclo continua com Julieta dos Espíritos (1965), mais uma magnífica interpretação de Giulietta Masina; Os Inúteis (1953), uma das suas comédias de início de carreira; e A Voz da Lua (1990), o seu último filme, que tem Roberto Benigni no principal papel.
Essencial Fellini > Espaço Nimas (Lisboa), Cinema Trindade (Porto) e Cinema da Villa (Cascais) > até 16 set