Raramente cantava, não escrevia as letras, nem era um guitarrista virtuoso, mas tornou-se a mais carismática figura do rock português. Zé Pedro faleceu há quase três anos, mas a sua aura mantém-se intacta, naquilo que se pode chamar a verdadeira alma do rock.
Diogo Varela e Silva, realizador ligado à música por outras vias (sobrinho-neto de Amália, neto de Celeste Rodrigues), em tempo recorde montou um documentário que homenageia esta inesquecível figura, cheia de histórias para contar. Não se trata, certamente, de uma obra cinematográfica maior, mas Zé Pedro Rock’n’Roll serve eficazmente o seu propósito de homenagear, recordar e dar a conhecer o guitarrista dos Xutos & Pontapés, e a sua vivência apaixonada do rock, que começou enquanto ouvinte e fã.
Varela e Silva não chegou a tempo de filmar Zé Pedro, pelo que se socorre de imagens de arquivo, sobretudo de uma entrevista de vida feita por Ana Sousa Dias, na RTP. A isto junta outras imagens e depoimentos recolhidos junto de pessoas que lhe eram próximas: amigos e familiares, a sua companheira Cristina Avides Moreira, Jorge Palma, Luís Varatojo, Alex Cortez, Tó Trips e, como não poderia deixar de ser, os Xutos & Pontapés.
Ficamos rendidos à paixão com que Zé Pedro se entregou à música, o seu obcecado pendor colecionista, desde o tempo em que partiu para a Europa atrás dos festivais de música punk e regressou com o cabelo espetado e um alfinete do nariz, até momentos fundamentais, como a criação dos Xutos & Pontapés, as sessões de DJ, os momentos da rádio, ou o Johnny Guitar, clube que criou, com música ao vivo, e onde basicamente oferecia uma cerveja a cada pessoa com quem falava.
O filme vive sobretudo do ritmo da montagem e, além de ser testemunho de um certo tempo e modo de vida, deixa-nos com uma imensa saudade.
Veja o trailer do filme:
Zé Pedro Rock’n’Roll > De Diogo Varela e Silva > 110 min.