No Porto, as noites de sexta e de sábado vão passar a ter música nos Jardins do Palácio de Cristal. O Noites do Palácio começa nesta sexta, 31, com António Zambujo, seguindo-se os The Black Mamba, no sábado, 1 agosto.
O programa representa “o retomar” da atividade cultural na cidade, naquele que é “o primeiro grande evento” desde o desconfinamento, lembrou o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, durante a apresentação deste ciclo de concertos, organizado em parceria com a Everything is New e a PEV Entertainment. Além de “atrair mais gente para a cidade”, continuou Rui Moreira, o intuito do programa foi também a revitalização do setor da música, “duramente afetado” pela pandemia.
O cartaz inclui ainda os HMB (7 ago, sex) e Gisela João (8 ago, sáb), seguindo-se Jorge Palma (14 ago, sex) e Diogo Piçarra (15 ago, sáb). A encerrar o Noites do Palácio, vão estar dois nomes ligados à cidade: os Blind Zero (21 ago) e Rui Veloso (22 ago).
Os bilhetes têm o valor fixo de 10 euros e a lotação máxima para os concertos é de 600 espectadores. A organização garante os requisitos de segurança recomendados pela Direção-Geral da Saúde. “Todos os lugares estarão identificados, num espaço delimitado para o efeito”, com distanciamento social assegurado.
Segundo Rui Moreira, “um cartaz de qualidade a um preço acessível, com uma plateia reduzida pela força das circunstâncias, nunca poderia ser rentável”, o que justificou o reforço financeiro no valor de 200 mil euros por parte da autarquia. “Desistimos de esperar por qualquer tipo de apoio prometido pelo Ministério da Cultura”, sublinhou o autarca, lembrando a abertura de uma linha de crédito de 30 milhões de euros para as autarquias apoiarem a cultura, anunciada em maio pelo Governo. “A verdade, é que não chegou nada”.
A música é um setor que “apesar do desconfinamento, continua confinado”, lamenta Álvaro Covões.
Para Miguel Guedes, líder dos Blind Zero, a iniciativa é “reveladora de uma vontade de fazer diferente” pela autarquia portuense e “devolve à vida” os artistas que, como em todos os setores artísticos, estão no “limite da sobrevivência”. Num apelo às autarquias do País, o músico afirmou ser “necessário separar todos os cuidados necessários dos demasiados pruridos”. Pedro Tatanka, fundador dos The Black Mamba, também elogiou a iniciativa, dizendo que esta representa “um pontapé nesta crise que tem sido catastrófica para os músicos.”
Álvaro Covões, diretor-geral da Everything is New – que organiza o festival NOS Alive, este ano cancelado –, lembrou as “grandes” dificuldades de artistas e técnicos de um setor que “apesar do desconfinamento, continua confinado”. O promotor lançou ainda críticas à inação do poder central e um aviso, com os músicos em mente: “Corremos o risco sério que mudem de profissão.”
Segundo Jorge Lopes, presidente-executivo da PEV Entertainment, o cartaz foi construído para “tentar agradar a todos os públicos”, com artistas que, em tempos normais, encheriam salas de espetáculo. Para o promotor, este ciclo de concertos é uma prova de que “é possível continuar a fazer coisas”.
Noites do Palácio > Jardins do Palácio de Cristal, Porto > 31 jul-22 ago, sex-sáb 21h > €10