Os escândalos desencadeados pelo movimento #MeToo não davam apenas um filme, mas um festival de cinema. Bombshell – O Escândalo trata de um dos mais mediáticos casos, ocorrido justamente no seio da Fox News, um dos mais poderosos canais de notícias norte-americanos (e mundiais).
Mostrando a transversalidade do assunto – a prática de assédio sobre mulheres –, o filme começa, e bem, por abordar o caso de Megyn Kelly com Donald Trump. A jornalista da Fox confrontou o então candidato à Presidência da República com queixas variadas da forma abusiva como trata as mulheres; numa réplica de uma violência sem escrúpulos, a jornalista tornou-se vítima de uma perseguição insólita. Este pequeno caso de abuso de poder funciona bem como introdução ao tema.
A intriga do filme, em si, cai sobre a figura de Roger Ailes, histórico diretor da Fox, implicado na prática de assédio. E é uma história pura de #MeToo. Ou seja, o levantamento de um caso fez com que outras vozes se levantassem, até que ficasse demonstrado que aquela era uma prática deliberada.
Realizado com uma intensidade que justifica as três nomeações para os Oscars, é sobretudo um filme de denúncia, ilustrativo e até preventivo. Na sua objetividade político-social, não nos dá uma perspetiva demasiado otimista. Nem poderia dar: basta pensar que um dos rostos da América machista e misógina foi eleito Presidente dos EUA.
Bombshell – O Escândalo > De Jay Roach, com Charlize Theron, Nicole Kidman, Margot Robbie > 109 minutos