Foi no dia 1 de outubro, através de uma carta aos fãs, que o fim foi anunciado, de forma crua e direta: os Dead Combo iam terminar, encerrando-se assim um dos mais belos capítulos da história da música portuguesa deste novo século. Decidiram acabar, “mas acabar em grande”, clarificaram então, porque “não é um final triste”, ainda “há muita coisa para ser celebrada”. E o fim vai ser como o início, apenas com os dois elementos fundadores do grupo, Tó Trips e Pedro Gonçalves, em palco. Conheceram-se por acaso, em 2001, durante um concerto do músico norte-americano Howe Gelb, ali para os lados do Jardim do Tabaco, em Lisboa. Tó Trips pediu boleia a Pedro Gonçalves, que conhecia vagamente dos tempos do liceu D. Pedro V, mas como este também não tinha carro, caminharam juntos até ao Bairro Alto. Palavra puxa palavra e, sem darem por isso, tinham acabado de criar os Dead Combo. O projeto passava por gravar um disco de tributo a Carlos Paredes, que nunca viria a concretizar-se (embora se tenham dado a conhecer ao público na coletânea Movimentos Perpétuos, de tributo ao mestre da guitarra portuguesa). O disco de estreia, Vol. 1, surgiria no ano seguinte, e depois Vol. 2 – Quando A Alma Não É Pequena (2006), Lusitânia Playboys (2008), Lisboa Mulata (2011), A Bunch of Meninos (2014) e Odeon Hotel (2018). Criaram uma nova banda sonora para Lisboa, feita de morna e de choro, de rock e de jazz – e algum fado, claro. Sem medo de arriscar, alargaram as fronteiras da sua música, metafórica mas também literalmente, quando, à boleia do programa televisivo No Reservations, apresentado pelo chefe de cozinha norte-americano Anthony Bourdain, conseguiram reconhecimento internacional.
Quando se encontraram, Tó vinha do punk rock e Pedro do jazz, dois estilos quase marginais para o “grande público”. Não tinham propriamente canções, a sua música era instrumental e, por isso, pouco passava nas rádios. O objetivo era, então, “tocar uma ou duas vezes na ZDB”, por diversão. Foi lá que começaram e é lá que regressam, para se despedirem – ou, melhor, para festejarem tudo isto.
A digressão de despedida prolonga-se por 2020, com concertos já confirmados em Castelo Branco, Sesimbra, Estarreja, Beja, Torres Novas, Porto e Albufeira. Estão, ainda, previstas mais datas em Lisboa.
Dead Combo > ZDB > R. da Barroca, 59, Lisboa > T. 21 343 0205 > 6-7 dez, sex-sáb 22h > €15