Pela primeira vez em Portugal, Olafur Eliasson mostra no Parque e Museu de Serralves, no Porto, cerca de uma dezena de obras, em larga escala, que questionam – e nos questionam, como é seu hábito – Humanidade, natureza, sociedade, arte, ciência… A exposição O Vosso/Nosso Futuro é Agora – patente até junho de 2020 – começou a ser pensada há um ano, em colaboração com o estúdio do artista, em Berlim, e surge praticamente na mesma altura em que Olafur expõe In Real Life na Tate Modern, em Londres.
Em Serralves, tal como tem feito um pouco por todo o mundo, o artista dinamarquês-islandês confronta-nos com os problemas ambientais e de sustentabilidade que o planeta enfrenta. Entre os seus trabalhos em grande escala, está The Curious Vortex (O Curioso Vórtex), junto à Alameda dos Liquidambares – um pavilhão de aço inoxidável enorme, com cinco metros de altura por oito metros de diâmetro, que começou a ser construído por uma equipa de 10 pessoas, há mais de um mês. A sua forma é inspirada nos movimentos de um remoinho, um fenómeno natural criado por uma massa giratória de vento e água. Olafur Eliasson relaciona-o com o trabalho das instituições museológicas, na sociedade contemporânea, comparando “os campos de força de um remoinho” à capacidade de os museus “canalizarem pensamentos, ideias, sentimentos e afetos”. “É uma obra para o público entrar, para ser explorada”, diz Filipa Loureiro, uma das curadoras da exposição, em conjunto com Marta Moreira de Almeida e o próprio diretor do museu de Serralves, Philippe Vergne.
No átrio do museu,Yellow Forest, uma floresta artificial de bétulas “escolhidas para este contexto”, foi desenhada em conjunto com o arquiteto paisagista suíço Günther Vogt. “É um conjunto circular para criar uma relação com O Curioso Vórtex, no exterior”, continua a curadora. No Parque de Serralves, além das três esculturas Human Time is Movement (inverno, primavera e verão), Olafur espalhou vários troncos, com seis, sete metros de comprimento, transportados por correntes marítimas que o próprio recolhe nas zonas costeiras da Islândia, país com poucas árvores e sem floresta. “Eliasson pega nesta ideia de madeira à deriva para levantar outras questões, como a da emigração”, salienta Filipa Loureiro. Os Arctic Tree Horizon (Horizonte Arbóreo do Ártico) estão pintados com alcatrão (um material tóxico e cancerígeno), questionando assim as atuais políticas ecológicas globais.
Mais do que uma instalação de arte contemporânea, a exposição do artista e ativista ambiental é uma chamada de atenção, defende a curadora. “Todos temos que estar atentos ao futuro e ao ambiente”. E, talvez por isso, a mensagem mais importante esteja no próprio título: “O Vosso/Nosso Futuro é Agora”.
O Vosso/Nosso Futuro é Agora > Museu e Parque de Serralves > R. D. João de Castro, 210, Porto > T. 22 615 6500 > até 14 jun 2020, seg-sex 10h-19h, sáb-dom e feriados 10h-20h > €18