“Sempre novo, sempre diferente”, assim se assume o Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto. Os desafios da modernidade dá tema à 39ª edição, que decorre entre esta sexta, 22, e o próximo domingo, 3 de março, no Rivoli, com um programa que conta com cerca de 200 filmes, entre curtas e longas-metragens, de 54 países. “Expressam o sentir do realizador em relação ao seu tempo”, diz Beatriz Pacheco Pereira, diretora e co-fundadora da Cooperativa Cinema Novo, responsável pela organização do Fantasporto. A abordagem de vários cineastas ao domínio das novas tecnologias, à corrupção, às questões ambientais, à desumanização da sociedade e à luta contra o terrorismo são temáticas que constam nestes 7 filmes, selecionados do cartaz deste ano.
1. Prospect, de Zeek Earl e Chris Caldwell
Apontado como um “excelente exemplo” do cinema independente americano, “uma espécie de regresso”, segundo Beatriz Pacheco Pereira, “à ficção científica conceptual, na onda do realizador Stanley Kubrick”, Prospect, de Zeek Earl e Chris Caldwell, abre a 39ª edição do Fantasporto (22 fev, sex, 21 horas). Selecionado para os festivais de Seattle e Denver, o filme, interpretado por Sophie Thatcher e Pedro Pascal, segue a atribulada viagem de uma adolescente e do seu pai a uma lua remota. 22 fev, sex 21h
2. The Panama Papers, de Alex Winter
Ninguém fica indiferente ao documentário The Panama Papers, de Alex Winter, que aborda o jornalismo de investigação e o poder dos media. “O filme assusta pelo que mostra, pelo estado atual do mundo e pela corrupção disseminada por muitos países”, nota Beatriz Pacheco Pereira. Pela voz de Elijah Wood, segue-se o rasto do dinheiro de políticos e celebridades que acabam em offshores, através de esquemas de fuga de impostos. 24 fev, dom 21h; 1 mar, sex 21h15
3. Human, Space, Time and Human, de Kim Ki-duk
Um outro tema da atualidade é a desumanização nas sociedades mais avançadas, que vai surgindo, aqui e ali, no cartaz do festival. É o caso de Human, Space, Time and Human, último filme de Kim Ki-duk, um dos mais destacados cineastas da Coreia do Sul. Trata-se de um drama de terror, passado num barco, onde se reúne um político conhecido e o filho, um grupo de bandidos e um casal, em férias. O jogo de sobrevivência vai provocar uma espiral de violência e desespero, em cenas por vezes chocantes. Com um Leão de Ouro no Festival de Veneza por Pietá, e um Urso de Ouro no Festival de Berlim por Samaritana, no curriculo, Kim Ki-duk, premiado por diversas vezes no Fantas, mostra “um mundo duro, desumanizado, onde se vê a maldade de gangs, o ódio a políticos e os jogos de poder”, frisa Beatriz Pacheco Pereira. 23 fev, sáb 21h
4. Sessão dupla da Hungria
Além da retrospetiva Hungria – The New Generation, com filmes recentes e todos inéditos em Portugal, há duas longas-metragens deste país a concurso. Em X-The eXploited, de Károly Mészáros, aborda-se a saúde mental (23 fev, sáb 23h15), e em His Master’s Voice, de Gyorgy Palfi, a ficção científica (22 fev, sex 23h15), indo atrás da tese de que o universo não está mudo e nós não estamos sós. Ambos os realizadores vão estar no Porto para apresentar os filmes.
5. In Fabric, de Peter Strickland
Escrito e dirigido por Peter Strickland, o filme In Fabric “é uma surpreendente fantasia”, passada numa loja de um grande armazém, ao estilo Corte Inglés, muito aplaudida pela critica inglesa no final do ano passado. Apresentado como “uma pérola de originalidade”, a comédia de terror britânica, produzida pela BBC, conta com as interpretações de Marianne Jean-Baptiste (nomeada para os Óscars por Secrets and Lies, de Mike Leigh), e Gwendoline Christie (a Lady Brienne de A Guerra dos Tronos). Ao longo de duas horas, o público acompanha o percurso de um vestido vermelho amaldiçoado, que passa de pessoa para pessoa, com consequências devastadoras para todas elas. 24 fev, dom 23h15
6. A sessão de curtas
O estranho mundo onde as ovelhas mandam, um poema de Charles Bukowski, as duas faces da mesma história, o horror do regresso a casa depois de uma festa e um aniversário com contornos trágicos compõem a sessão com dez curtas-metragens candidatas ao Prémio Cinema Português. “São todas ótimas e imperdíveis”, realça Beatriz Pacheco Pereira. 24 fev, dom 15h15
7. The Russian Bride, de Michael S. Ojeda
A 39ª edição do Fantasporto fecha com The Russian Bride, do realizador Michael S. Ojeda. O filme conta a história de um milionário americano que conhece uma mulher russa, através da internet, e a convence a ir viver para os Estados Unidos. O que parecia um conto de fadas rapidamente se transforma num pesadelo. 2 mar, sáb 21h
Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto > Teatro Municipal Rivoli > Pç. D. João I, Porto > T. 22 339 2201 > 22 fev-3 mar > €5 (sessão), €80 (livre trânsito)