O que têm em comum a música mandinga de tradição oral, o canto tradicional persa, a música erudita, o fado e a eletrónica? À primeira vista, muito pouco, ou talvez tudo, como se tenta provar neste ciclo temático de concertos, no qual estes estilos musicais, aparentemente tão díspares, coincidem num ponto: o facto de serem interpretados por mulheres cuja música reflete, de alguma forma, a condição feminina – em termos artísticos mas também sociais, políticos e até familiares.
O ciclo chama-se Música no Feminino e começa nesta quarta-feira, 23, às 21h, com uma atuação da maliana Rokia Traoré, que apresentará um espetáculo baseado na tradição oral dos griots que, ao longo dos séculos, preservaram, através de contos e canções, a História do império mandinga; esta era uma atividade exclusiva dos homens até ao momento em que esta filha de um diplomata decidiu romper com esse costume, não só por se atrever a interpretar o reportório dos griots mas, especialmente, por incluir nele um discurso mais direcionado para as mulheres do seu país, usando as canções para apelar a uma participação cada vez mais plena na vida do Mali.
O ciclo Música no Feminino prolonga-se até ao dia 28 de janeiro, com mais seis concertos a cargo das irmãs iranianas Mahsa e Marjan Vahdat (24), da fadista Aldina Duarte (25), da Orquestra Gulbenkian conduzida pela maestrina chinesa Tianyi Lu, que terá como solista a violinista alemã Carolin Widmann (dois concertos a 27) e da pianista portuguesa Joana Gama, também ela em dose dupla, primeiro na companhia da Orquestra Metropolitana de Lisboa e, depois, em duo, na companhia do compositor de música eletrónica Luís Fernandes (ambos a 28).
Música no Feminino > Fundação Calouste Gulbenkian > Av. de Berna, 45A, Lisboa > T. 21 782 3700 > 23-28 jan, qua-seg > €14,07 a €28,14