Pare, escute e ouça o que a cidade tem a dizer é o desafio do Lisboa Soa. O festival, inserido na programação do Lisboa na Rua, que escuta o mundo em nosso redor está de volta entre esta quinta, 20, e até domingo, 23, e ocupa a Mãe d’Água das Amoreiras. “É um espaço arquitetónico fabuloso”, frisa Raquel Castro, diretora artística e programadora do Lisboa Soa, que procura abordar a problemática ambiental tendo, este ano, a água como foco. “Faz todo o sentido, num País ameaçado pela seca”, reforça.
Depois do romântico cenário do Jardim da Tapada das Necessidades (em 2016) e da luxuriante Estufa Fria (2017), e mantendo o caráter itinerante, o festival desce este ano às galerias subterrâneas da cidade. Instalado em três reservatórios de água de Lisboa – Mãe d’Água das Amoreiras, Reservatório da Patriarcal e Galeria do Loreto – convida-se o público a parar e a ouvir. São quatro dias de descoberta do mundo “underground” com concertos, instalações, workshops e passeios sonoros para toda a família. “O objetivo é despertar a consciência sonora e auscultar o ambiente através do som”, diz Raquel Castro, uma vez que este dá imensas pistas sobre os lugares que habitamos, sendo públicos e parte da vida de todos.
Com uma linha curatorial e de pensamento bem definida, desde a primeira edição, a investigadora procura incluir no programa trabalhos artísticos cuja principal matriz seja sonora ou trabalhe parte do som, sem deixar de lado o ambiente e os lugares. Assim, para estimular os nossos ouvidos, o festival abre esta quinta, 20, às 18 e 30, na Mãe d’ Água das Amoreiras, com um concerto de Sirius, da dupla Yaw Temble e Monsieur Trinité, seguido da japonesa Tomoko Sauvage, cuja música vai explorar o som e as linguagens da improvisação no reservatório. No dia seguinte, 21, faz-se ouvir o Mestre André e Carlos Godinho com o projeto Banha da Cobra, e o músico brasileiro Luís Bittencourt num concerto de improviso com diversos instrumentos e objetos do quotidiano.
Ainda no edílico lugar da Mãe d’ Água, no sábado, 22, assiste-se à apresentação de Ricardo Jacinto, seguido pela norueguesa Jana Winderen, reconhecida pelo trabalho em torno de sons de difícil perceção auditiva para o ser humano. A fechar, no domingo, 23, já no Reservatório da Patriarcal, há um concerto da dupla portuguesa Henrique Fernandes e Jorge Quintela.
Ao longo destes quatro dias, há ainda cinco instalações sonoras, criadas para um espaço definido, dentro do âmbito do festival, com obras de Diana Policarpo, Lukas Kuhne, da dupla Henrique Fernandes e Jorge Quintela, e do trio esloveno constituído por Sasa Spacal, Mirjan Svagelj e Anil Podgornik. Do programa consta ainda uma masterclass com Edu Comelles, workshops e passeios sonoros condizudos por alguns dos artistas convidados desta terceira edição (entre sexta, 21, e domingo, 23).
Uma aventura sonora para explorar os sons de Lisboa, que, como diz Raquel Castro, “tem a vantagem de ter uma zona ribeirinha, com alguns sons de rio, de espaços verdes” que lhe confere alguma tranquilidade e se reflete também na sua paisagem sonora.
Lisboa Soa – Encontro de Arte Sonora, Urbanismo e Cultura Auditiva > Mãe d’ Água das Amoreiras, Pç. das Amoreiras, 10, Lisboa > Reservatório da Patriarcal > Pç. do Príncipe Real, Lisboa > Galeria do Loreto > Pç. do Príncipe Real, Lisboa > 20 a 23 set, qui-dom > Concertos 20-22 set, qui-sáb 18h30, 19h30; 23 set, dom 19h30 > Instalações sonoras 10h-20h30 > Workshops e passeios sonoros 21 set, sex 11h30, 14h30; 22 set, sáb 11h30; 23 set, sáb 14h30 > grátis