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A obra de Cruzeiro Seixas estará em retrospetiva com 120 trabalhos em exposição
Jorge Coelho
Em 1978, no pós-regime ditatorial, a “ousadia” de Jaime Isidoro (1924-2009) e do grupo Alvarez em organizar, em Vila Nova de Cerveira, os Encontros Internacionais de Arte, não terá sido, por alguns, bem entendida. A verdade é que esta Gala da Arte, como era conhecida – e à qual se juntariam outros artistas, entre os quais um dos seus grandes dinamizadores, o escultor José Rodrigues (1936-2016) –, mudaria por completo aquela vila minhota, encostada ao rio Minho e à Galiza. A Bienal Internacional de Arte de Cerveira (BIAC) chega, pois, aos 40 anos e às 20 edições, apresentando, a partir desta sexta, 10, em exposição, 600 obras de arte de 400 artistas, oriundos de 30 países – nomeadamente, e pela primeira vez, da América do Sul e da Ásia. “O facto de estarmos a alcançar novos continentes é fruto do caminho que a Bienal tem percorrido”, reforça Cabral Pinto, o diretor artístico.
A retrospetiva da obra plástica e poética de Cruzeiro Seixas, 97 anos, que participou na primeira edição, é o destaque deste ano que tem as “Artes plásticas tradicionais e artes digitais – o discurso da (des)ordem” como tema. No Fórum Cultural de Cerveira estarão expostas 120 obras do último dos surrealistas portugueses – desenhos, pintura e objetos, de 1943 à atualidade –, provenientes de coleções públicas e privadas, nomeadamente da Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, de onde vieram também trabalhos de Paula Rego e António Quadros. “São obras de Cruzeiro Seixas e dele com outros artistas, como Mário Cesariny e Valter Hugo Mãe”, revela o diretor artístico. A estas, juntam-se cadernos e cartas de amor inéditas, escritas por Cruzeiro Seixas a Manuel Patinha, que apresentam uma visão retrospetiva da sua obra poética.
No Castelo de Cerveira expõem-se 162 trabalhos de 143 artistas do Concurso Internacional, ficando a Factory VNC reservada aos trabalhos das escolas. Conferências, workshops (pintura, desenho, cerâmica) e concertos incluem o programa, que extravasa para as ruas da vila, com instalações artísticas, pintura urbana e performances. Desta vez, a BIAC não se mostra na Galiza, mas apresenta-se em Monção e estreia-se em Alfandega da Fé, onde será lançado o Prémio de Desenho Mestre José Rodrigues para 2019. Para que o passado da Bienal se perpetue no futuro.
As visitas guiadas às exposições da Bienal, acompanhadas por artistas e curadores, acontecem aos sábados, às 11h, no centro da vila, e aos domingos, às 17h, no Fórum Cultural de Cerveira.
XX Bienal de Arte de Vila Nova de Cerveira > Fórum Cultural de Cerveira > Av. das Comunidades Portuguesas, Vila Nova de Cerveira > T. 251 794 633 > 10 ago-23 set, seg-sex 14h30-22h30, sáb-dom 10h30-22h30 > €3